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À caça de um planeta gémeo da Terra

Há investigadores a desenvolver projetos de alta tecnologia, de grande risco e elevados custos para encontrar um mundo parecido ao nosso.

© Créditos: dpa

Em menos de 25 anos, os investigadores passaram de não saber se havia planetas fora do Sistema Solar a descobrir mais de 4 mil. Agora, sabe-se que quase todas as estrelas têm pelo menos um planeta e muitas delas albergam famílias inteiras destes objetos. De acordo com a maioria das teorias, é já uma certeza que é muito provável que existam outros planetas como a Terra com vida e inteligência. A questão é se seremos capazes de desenvolver a tecnologia necessária para o demonstrar.

“É possível que uma em cada cinco estrelas como o Sol tenha um planeta terrestre na zona habitável”, explicou Sara Seager, astrofísica do Instituto Tecnológico de Massachussetts e co-diretora de um dos projetos mais ambiciosos da NASA , de acordo com o El País, para encontrar um planeta gémeo da Terra: um planeta do tamanho e composição do nosso, numa órbita similar, em torno de uma estrela anã amarela como é o Sol. “Pode ser que esse número seja algo exagerado mas mesmo que fosse uma entre um milhão estaríamos a falar de um três mil milhões de planetas gémeos da Terra lá fora”, explicou.

Conseguir uma imagem direta de um gémeo terrestre não é tarefa fácil. “A luz que a Terra reflete é 10 mil milhões de vezes mais fraca que a do Sol”, lembra Seager. Qualquer instrumento ótico ficaria encandeado se tentasse captar o planeta a passar diante do astro. Para evitá-lo, Seager e uma equipa de cientistas e engenheiros da NASA e várias universidades dos Estados Unidos trabalham no desenho de um telescópio espacial chamado HabEx (Observatório de Planetas Habitáveis, em inglês). Seria o primeiro aparelho capaz de captar uma imagem direta de um planeta como a Terra em torno a uma estrela como o Sol. Para tal, será despegado um chapéu de sol de 72 metros de diâmetro - como um prédio de 23 andares - a uma distância de 124 quilómetros do telescópio. Este dispositivo vai servir para ocultar a luz da estrela e captar apenas a luz emitida por um planeta igual ao nosso ao passar. O telescópio está equipado para detetar água, ozono, metano, dióxido de carbono, na atmosfera, cujas proporções podem demonstrar que esse planeta tem vida. O instrumento seria capaz de observar cerca de 100 estrelas solares e descobrir “uma dezenas de terras exteriores”, afirma o documento que descreve o projeto.

Contudo, apesar de ser um projeto fascinante, é bem possível que este projeto nunca saia do papel. O HabEx não é ainda uma missão aprovada mas antes um projeto que concorre com outros três telescópios para ser a próxima grande missão deste tipo da NASA. Se se aprovar, podia ser lançado em 2035 e ter um custo de 10 mil milhões de dólares. Já em 2022 vai ser lançado o novo telescópio espacial mais potente do mundo, que será o primeiro a poder observar atmosferas planetárias mas não de gémeos terrestres.