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Transline Tours deixa centenas de  portugueses sem avião para Portugal

Em Janeiro, muitos portugueses compraram uma viagem de ida/volta para o Porto por 295 euros. Paulo Santos comprou quatro. A companhia de voos charter abriu falência e não há viagens para ninguém.

Fotos: DM e www.basta.lu

Fotos: DM e www.basta.lu

Paulo Santos nem queria acreditar. Os bilhetes de avião que tinha comprado em Janeiro deste ano para ir de férias a Portugal no Verão já não valem nada.

A agência de viagens que lhe vendeu os bilhetes, por 295 euros, ida e volta, informou-o, na terça-feira, que a companhia de aviação que ia fazer os voos charter, entre o Luxemburgo e o Porto, abriu falência.

"Eles disseram, na altura, que tinham três mil bilhetes para vender. Fizeram publicidade na rádio, nos jornais, e até no Auchan havia cartazes. Venderam os bilhetes todos, porque há duas semanas telefonei para lá e perguntei se ainda havia lugares para viajar. Eles responderam que não. Está a ver a quantidade de gente que foi enganada?", diz Paulo Santos.

O CONTACTO falou ao início da tarde de ontem com o proprietário da Transline Tours. Tom Meyer, sócio-gerente da agência de viagens em Howald, limitou-se a confirmar que os voos foram anulados porque o operador aéreo faliu.

O responsável recusou-se a prestar quaisquer outros esclarecimentos, uma vez que "o processo contra a companhia aérea já foi accionado".

Meyer garante, no entanto, que todas as pessoas lesadas vão ser reembolsadas na íntegra.

Clientes que pedirem reembolso perdem direito à indemnização

Paulo Santos já foi à União Luxemburguesa dos Consumidores e garante ao CONTACTO que não vai assinar o formulário que lhe enviaram para casa para ser reembolsado.

É que a ULC diz que se os passageiros optarem por ser reembolsados, perdem o direito à indemnização prevista para estes casos.

"Isto é tudo muito estranho, porque nunca nos disseram qual era a companhia que ia fazer os voos. Agora dizem que foi à falência, mas se calhar nunca houve nenhum contrato, e agora têm lá 800 mil euros na posse deles. Já deve dar uns bons juros", diz Paulo Santos.

E continua: "Se o problema é de falência de uma companhia, porque é que não contratam outra? As pessoas é que não podem ser prejudicadas".

Paulo Santos tinha viagem marcada para toda a família no dia 28 de Julho. Agora diz que se quiser ir de avião vai ter de pagar o dobro do que pagou à Transline.

Os voos charter estavam programados para se realizarem entre Julho e Setembro. No início deste ano, a Transline Tours montou uma gigantes campanha de publicidade em que anunciava "passagens a preços justos" para Portugal.

Em Janeiro deste ano, altura em que foi lançada a campanha, Tom Meyer dizia ao jornal Correio que queria democratizar os voos para Portugal, uma vez que que "o actual preço praticado pelas companhias de aviação é exagerado (...) [e que] actualmente a oferta não é competitiva".

A Transline garantia ainda mais cinco quilos de bagagem em relação à concorrência, ou seja, 28 kg.

As viagens só podiam ser compradas na sede da agência, que abriu há quatro anos na route de Thionville, em Howald.

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