Quase dois terços dos portugueses e lusodescendentes têm casa própria no Luxemburgo
Mais de 14% já acabaram de a pagar, enquanto os restantes ainda estão a reembolsar o empréstimo ao banco, revela o Statec.
© Créditos: Anouk Antony/Luxemburger Wort
Nunca este indicador tinha sido tornado público. O Contacto questionou o Instituto de Estatística do Luxemburgo (Statec) e deste trabalho de cooperação surge o retrato completo sobre a habitação dos que falam português no Grão-Ducado.
Quisemos saber afinal em que casas habitam os portugueses e filhos de portugueses de nacionalidade luxemburguesa e descobrimos números surpreendentes. Cerca de 66% desta população tem casa própria. Mais de 14% já acabaram de a pagar, enquanto os restantes ainda estão a reembolsar o empréstimo ao banco.
Se olharmos apenas para os portugueses, cerca de "47% são proprietários, sendo que a maioria estão a pagar o reembolso do empréstimo ao banco e apenas 7% não têm empréstimo ao banco", revela Senyo Fofo Amétépé da Unidade de Condições de Vida do Statec. Na totalidade, cerca de 40% vivem em apartamentos ou casas arrendadas. Cerca de 13% são arrendatários em casas apoiadas pelo Estado. E apenas 1% tem habitações gratuitas.
Guillaume Osier, responsável pela Unidade das Condições de Vida do Statec. © Créditos: Gerry Huberty
"Mas de uma forma geral, os estrangeiros que vivem no Luxemburgo são muito menos proprietários que os luxemburgueses", afirma Guillaume Osier, responsável pela Unidade das Condições de Vida do Statec. Muitos porque pensam ficar no Luxemburgo apenas por um determinado período e, por isso, "não têm qualquer interesse em comprar um bem imobiliário" no país Luxemburgo", sublinha.
Taxas de esforço para pagar habitação disparam
Uma das conclusões que se pode tirar dos indicadores é que, nos últimos anos, os preços das rendas e da compra de habitação não param de crescer. Outro dado relevante aponta para o facto do "pagamento das despesas contratualizadas, onde se inclui o custo com o alojamento, agrava a pobreza e as desigualdades", sublinha Guillaume Osier do Statec.
Assim, entre 2010 e 2019, o preço das rendas dos apartamentos subiu quase 50%. Já quem optou por comprar casa teve que pagar mais 61% e quem comprou um apartamento teve que desembolsar mais 65% do que em 2010.
Ler mais:Index. Por que é que os preços da habitação não são tidos em conta?
Em termos de taxa de esforço para pagar a habitação as famílias monoparentais com filhos são as mais penalizadas, revela um outro do Observatório da Habitação. Assim, estes agregados gastavam mais de 38% do seu rendimento com as despesas da habitação. Uma percentagem que tem vindo a crescer nos últimos anos.
Quanto aos preços médios, os últimos números revelam que, em média, uma família gasta cerca de 1.642 euros quando está a pagar um empréstimo à habitação. Já quem tem uma casa arrendada desembolsa em média 1.300 euros por mês. Enquanto que os proprietários que já pagaram a totalidade das suas habitações gastam cerca de 415 euros por mês em despesas de alojamento.
Ler mais:Portugueses são os mais mal pagos da capital
Se olhamos para o mapa do Luxemburgo, as regiões em que se cobram as rendas mais caras, com valores iguais ou superiores a 1.800 euros por mês, são Hesperange, Bissen, Contern, Sandweiller e Niederanvem. Em média, em termos nacionais, as famílias gastam quase 1.500 euros por mês para arrendar uma habitação.
Para quem quer comprar casa, as comunas com os preços mais caros são o Luxemburgo, Bertrange, Hesperange e Strassen.