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Portugueses já vão a caminho de Fátima em Wiltz

Não é Fátima, em Portugal, mas também há peregrinos portugueses nas estradas luxemburguesas para chegar ao santuário de Fátima, em Wiltz. Um dia antes da romaria, já há muitos a caminho. Este ano a peregrinação vai contar com a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, mas há imigrantes que fazem a rota a pé há duas décadas.

© Créditos: Maurice Fick

Não é Fátima, em Portugal, mas também há peregrinos portugueses nas estradas luxemburguesas para chegar ao santuário de Fátima, em Wiltz. Um dia antes da romaria, já há muitos a caminho. Este ano a peregrinação vai contar com a visita de Marcelo Rebelo de Sousa, mas há imigrantes que fazem a rota a pé há duas décadas.

"Há vinte anos o meu marido adoeceu e eu pedi ajuda a nossa Senhora de Fátima, e ela ouviu-me", conta Maria Dulcina Gama de Sousa, de 54 anos. De bandeira de Portugal às costas, a imigrante portuguesa destaca-se no meio dos cerca de 60 peregrinos que saíram esta madrugada de Dommeldange, nos arredores da capital luxemburguesa. Este ano a portuguesa conseguiu fazer "a dobradinha". A 13 de maio, esteve na Cova da Iria, onde viu passar o Papa "a dois metros" de si, e agora caminha em direção ao santuário de Fátima, mas em Wiltz, para a peregrinação iniciada em 1968 por imigrantes portugueses.

Adelaide Matos não conseguiu chegar à meta no primeiro ano em que participou. "Havia muita gente, estava muito calor e não tínhamos assistência", recorda. A imigrante cumpre uma promessa há vinte anos, mas agora não sai de casa sem o marido, que acompanha os peregrinos de carro.

José serve água aos caminhantes, dá orientações e transporta a bagagem dos peregrinos, a maioria vindos do Sul do país."Se alguém desmaia por causa do calor ou tem muitas dores nas pernas ou bolhas nos pés, levo-o ao hospital", conta o português.

"É duro chegar a Wiltz", garante Maria Celeste Cavaleiro, de 61 anos, a viver em Schifflange, no Sul do Grão-Ducado. Esta é a primeira vez nos últimos dez anos que Maria não pode fazer a peregrinação a pé, "por causa de um problema nas pernas". Por essa razão, este ano o marido substituiu-a. Enquanto ele caminha, Maria Celeste conduz o carro da família.

Cristina Carvalho Costa, de 44 anos, já fez "oito ou nove" peregrinações mais difíceis do que o percurso luxemburguês. "Há três anos percorri os 240 quilómetros que separam São Pedro do Sul - a minha terra - de Fátima, com uma amiga. Fizemos cem quilómetros logo no primeiro dia", recorda, sublinhando que em Portugal "há mais gente nas estradas" e é "mais motivante".

Sara Saraiva é dentista, tem 35 anos e veio pela primeira vez à peregrinação, que este ano assinala o 50° aniversário. Quer agradecer a Fátima "todos os sucessos" que conquistou e pedir "mais saúde para a família".

O grupo saiu às 6h30 de Dommeldange, perto da capital luxemburguesa. Até final do dia, contam fazer a maior parte do percurso, de 70 quilómetros, e já reservaram um hotel para passar a noite em Bissen, a oito quilómetros de Wiltz. O resto do percurso será feito já na manhã da peregrinação, na quinta-feira.

O voto de construir um santuário de Fátima naquela localidade do Norte do Luxemburgo foi feito em 13 de janeiro de 1945, durante a Batalha das Ardenas, na Segunda Guerra Mundial. O santuário foi inaugurado em 1952, na colina "Op Baessent", na localidade. Com a chegada ao Luxemburgo dos primeiros portugueses, em 1968, iniciou-se uma peregrinação na quinta-feira da Ascensão, feriado no Grão-Ducado, que hoje atrai todos os anos cerca de vinte mil imigrantes.

Reportagem: Maurice Fick (texto / fotos) / Sophie Wiessler (vídeo)

(publicado originalmente na edição francesa do Wort. Tradução: P.T.A.)

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