O português que quer ser burgomestre de Differdange
Paulo Aguiar, vereador de Differdange quer ser eleito líder da terceira maior cidade do país. © Créditos: Gerry Huberty
Paulo Aguiar trocou as voltas ao destino. Quando aos 17 anos chegou ao Luxemburgo vinha trabalhar para as obras. Agora quer ser burgomestre de Differdange, a terceira maior cidade do país.
Apesar da diferença de idades é difícil saber quem está mais entusiasmado com a partida. Paulo Aguiar, 45 anos, candidato a burgomestre de Differdange e Januário, 11 anos, estão os dois sentados, lado a lado, em pufs enquanto jogam uma partida de FIFA. O jogador mais novo está a ganhar. “Se ele continuasse ainda perderia por mais”, comenta divertido Januário. “Gosto muito de vir aqui porque jogo e conheço pessoas de muitas nacionalidades”, diz o estudante. Estamos no espaço Fit4Gaming, uma sala rodeada de computadores onde jovens, que muitas vezes nem sequer falam a mesma língua, se entendem enquanto jogam. Uma sala de jogos itinerante que tem como objetivo promover a integração multicultural.
“Temos aqui um jovem ucraniano que fala um pouco de inglês, mas há outros que não falam inglês. Por vezes é difícil, mas estabelecemos ligações entre eles. Ficamos muito contentes se jogam juntos, porque isso permite concluir que o projeto está a funcionar”, diz Joe Hoffman, um dos fundadores da iniciativa que faz parte do Plano de Ação 2022 do ministério da Família e Integração.
“Temos um espaço físico onde eles podem vir e jogar livremente e utilizamos o gaming como ferramenta para a integração. Podemos jogar juntos, mesmo que não falemos a mesma língua e que não nos conheçamos e através disso criamos ligações entre os jovens. Neste momento trabalhamos com jovens dos centros dos refugiados e da Casa dos jovens”, acrescenta Joe Hoffman.
O projeto começou em Differdange depois de uma conversa com Paulo Aguiar que o apoiou desde o início. Esta é um das muitas iniciativas para integração dos jovens promovidas na cidade que o vereador dos verdes, eleito pelo déi gréng gosta de salientar. Devolver à sociedade o que ela lhe deu parece ser o lema de vida de Paulo Aguiar, educador e presidente da comissão de integração de Differdange. Quando aos 17 anos chegou ao Luxemburgo, vindo de Portugal o destino que tinha traçado era trabalhar nas obras. Mas dois homens Baumann Marcel e Roberto Traversini, de que falaremos mais adiante e a sua mulher mostraram-lhe que havia outros caminhos. E trocou as voltas ao destino. Tinha vontade de ser outra coisa. Por isso fez cursos à noite, de luxemburguês e de francês. “Mostraram-me o caminho” e agora sente “o dever de mostrar o caminho a outros”. “Como ator político o nosso papel é mostrar a direção e dar a oportunidade a todos de fazer esse caminho. Depois se o seguem ou não a decisão é de cada um”, afirma. Mas pelo menos ficam a conhecer todas as oportunidades.
Sonha com uma Differdange em que “as diferentes comunidades vivam juntas”. Em que todos “partilhem, se envolvam e participem mais”. Uma autarquia com 120 nacionalidades diferentes. Os portugueses representam quase um terço da população de cerca de 30 mil habitantes.
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Paulo Aguiar quer que “todos se sintam em casa”. Uma cidade em que as pessoas se sintam em segurança, satisfeitas com as diferentes infraestruturas, e em que seja garantido um acompanhamento em diferentes níveis escolares. Até porque “existem muitos problemas de integração na educação das diferentes comunidades”, sublinha.
O primeiro português eleito como vereador de Differdange em 2020 tem planos ambiciosos para a cidade que podem transformar a vida dos seus habitantes. Dos mais novos aos mais velhos. O seu objetivo número um “é fazer acontecer”. E a isso tem dedicado toda a sua vida: “dar possibilidades a todas as pessoas para viverem melhor”. Escolheu a política para “ter a possibilidade de estar na ação”. “Desenvolver projetos para a população e encontrar sinergias e redes para responder as problemas e necessidades dos habitantes, a todos os níveis” é o lema da sua ação política.
Defende uma “cidade mais ecológica” porque o respeito pelo meio ambiente “tem que ser uma prioridades em todas as comunidades. Continuar a apostar na mobilidade suave, ter autocarros que assegurem as necessidades de circulação de todos os habitantes para que possam deixar o carro em casa. Em Differdange “só para os séniores há um serviço que os vai buscar a casa e os leva a todas os lugares que necessitem”, sublinha.
Paulo Aguiar, amante do ciclismo, defende a bicicleta como meio de transporte. © Créditos: Gerry Huberty
Amante do ciclismo que pratica nas horas vagas não podia deixar de fora as bicicletas. O objetivo é apostar nas “pistas cicláveis para que todos possam sair de casa e chegar ao centro da cidade através deste meio de locomoção”, diz Paulo Aguiar. Só não vai mais vezes de bicicleta para o trabalho porque tem que levar os seus dois filhos à escola: Joana de 17 anos e Rafael de 14 anos.
A minha visão “é continuar a desenvolver, e arranjar locais verdes, não quero uma cidade de apartamentos, mas com espaços verdes de partilha para que todo se sintam num ambiente simpático em que “vivam realmente juntos”.
Habitação a preços acessíveis
A habitação é uma das suas prioridades. Do alto do 19° andar do edifício Gravity, um dos projetos emblemáticos da Comuna, fala dos espaços comuns que estão previstos para “que as pessoas se possam encontrar, partilhar e viverem juntas”. Estamos no cimo de um bloco de 80 apartamentos, projetado pela Câmara para habitação a custos acessíveis. Cerca de 32 foram vendidos a um preço muito abaixo do preço de mercado. Os restantes irão ser alugados, a valores que tenham em conta os rendimentos de cada família, sem olhar à nacionalidade das pessoas.
“Temos que desenvolver cidades em que as crianças e os jovens tenham espaço para onde ir”, sublinha e tudo tem que ser desenvolvido em sinergia.
O “futuro das nossas crianças é a nossa principal responsabilidade e deve ser prioridade de todos”. O que passa por assegurar um mundo sustentável. “A evolução da cidade tem que ser feita assegurando que damos um acompanhamento a todas as classes sociais e às crianças. Investimos cerca de cem mil euros num plano comunal de juventude para dar a palavra aos jovens e saber o que eles necessitam”, revela.
A própria autarquia desenvolveu um projeto inovador de um TikTok para que os jovens possam colocar as suas questões. E depois os políticos são chamados a responder às perguntas feitas. “Se eu me tornar burgomestre a informação será uma das prioridades, criando um novo conceito para informar as pessoas. Por exemplo disponibilizar ferramentas digitais a que possam recorrer sempre que tenham um problema”, afirma.
Chegou ao Luxemburgo com 17 anos, mas não esquece as suas origens. Acredita numa cidade multicultural e por isso no Festival das Culturas de Differdange participou num workshop para fazer pastéis de nata.Mas “não me interessa que venham votar em mim por ser de origem portuguesa, quero que votem também no meu programa político”, salienta.
Um programa que está a ser preparado com todo o cuidado, através de workshops em que todos os temas estão a ser discutidos. “Assegurar a mobilidade, o futuro dos jovens e o apoio aos sénior” são algumas das linhas principais que deverão constar do documento. O que passa pela aposta nas escolas, o acompanhamento dos jovens e a promoção da multiculturalidade. “A minha visão não é deitar abaixo, mais sim reconstruir e dar uma nova vida, numa perspetiva muito mais ecológica”. Como exemplo cita o projeto do anti-gasp, que pretende assegurar uma segunda vida aos objetos.
“A crise energética é triste para todos, porque tem um impacto orçamental em todas as famílias. Mas fez com que as pessoas refletisse sobre como consomem em casa. Uma das atitudes que tomou foi baixar o nível do gás em casa e todos continuam a viver”, sublinha.
"A integração é uma coisa vital"
“Há diferentes formas de discriminação e no início quando cheguei ao Luxemburgo não foi nada fácil. Um novo país uma nova terra e com novos códigos e outra língua. Não foi assim tão fácil a integração. Normalmente na escola não era fácil porque era tudo numa outra língua.
Pensando nas dificuldades dos que chegam, a Comuna desenvolveu cursos de luxemburguês para os jovens e está a preparar cursos de coaching para ajudar os jovens na adaptação ao mercado de emprego porque a “integração é uma coisa vital”.
Os seus dias prolongam-se muito para além das oito horas de trabalho
Adora Picanha e é no restaurante “Autre Part” que costuma comer muita vezes com a família. © Créditos: Gerry Huberty
Adora Picanha e é no restaurante “Autre Part” que costuma comer muita vezes com a família. A mulher com quem está casado há 21 anos é fundamental em todo o seu percurso.
Quitéria, ou Kit como lhe chama carinhosamente, é uma mulher de armas a quem deve muito. Conheceram-se me Esch, no Luxemburgo.
Tudo o que sou é “graças à mulher que tenho em casa, porque sempre me apoiou e ajudou imenso”. A mulher veio para o Luxemburgo com apenas um ano. Muitas vezes ensaia os discursos em luxemburguês à sua frente e ela é que o corrige. “Era a minha melhor amiga e um dia tudo mudou, começou uma bela história de amor, com dois filhos, tenho uma super-família”, diz, que não quer expor.
E afinal que língua falam em casa? Para a minha mulher e os meus filhos é natural falar o luxemburguês. Mas acaba por surgir o português, francês e inglês e por vezes é difícil construir uma frase apenas numa língua. “Mas quando estou chateado só sai o português”, confessa.
Positivamente o que mais o surpreendeu quando chegou ao Luxemburgo foi a presença das diferentes culturas e ver como é que as pessoas falam tantas línguas. Hoje também Paulo Aguiar fala seis línguas. Ficou também estupefacto com a parte histórica do Luxemburgo que o “apaixonou”.
A maior surpresa negativa foi a de sentir-se sozinho com 17 anos por não conhecer ninguém porque tinha medo do desconhecido. Ainda demorou cerca de dois anos a construir a sua rede de amigos.
Um candidato com uma vida construída a pulso
Tinha 17 anos quando chegou ao Luxemburgo e apenas o 9° ano de escolaridade. Hoje, Paulo Aguiar é candidato a burgomestre de Differdange, a terceira maior cidade do país. Um percurso construído a pulso. Recorda que quando chegou “a integração na escola foi difícil, por causa das línguas, o que tornou difícil encontrar um grupo de amigos e fazer parte da comunidade luxemburguesa”.
Hoje com 45 anos sente-se completamente integrado. Tem dupla nacionalidade desde 2019. E aconselha todos a fazer o mesmo caminho. “Sinto-me luxemburguês e sou português e não tenho nenhuma vergonha de o dizer alto e bom som. Vivo no Luxemburgo, casei-me no Luxemburgo, os meus filhos estão aqui na escola, pago impostos no Luxemburgo e quando acabam as férias regresso ao Luxemburgo. Porque é que não hei de ser luxemburguês?”.
A ligação a Portugal fica para sempre. “No mês de agosto estou lá batido e se não tiver a minha praia… só ao descer do avião e sentir o cheiro a gasolina nos aviões parece que me sinto outro. Mas eu também sou português, mas estou no Luxemburgo porque é que não hei de ser luxemburguês? Eu faço parte integrante disto!”.
Quando chegou começou por frequentar cursos de francês e inscreveu-se numa escola na Bélgica para continuar a estudar. A paixão pela Animação levou-a a fazer uma formação de animador na Maison des Jeunes em Esch. Ao mesmo tempo trabalhava numa fábrica. Depois teve conhecimento de um programa de ajuda à criação de emprego do Serviço Nacional da Juventude. Esteve um ano no Ponto Informação Jovem em Pétange, “onde conheci um dirigente extraordinário, Baumann Marcel que me incentivou a continuar a minha formação e a aprender o luxemburguês”. No final da formação disse-lhe agora “vai voar”. Um encontro que o levou a formar-se em Educador Especializado em Ciências Sociais.
No emprego seguinte cruzou-se com Roberto Traversini, que “estava muito metido na política e que depois de ter ouvido o meu percurso me convidou para trabalhar com ele na Comissão de Integração em Differdange, onde desenvolvi muitos projetos”. Mais um encontro com uma personalidade que determinou o seu futuro quando tinha 33 anos. Nesta função começou por desenvolver projetos para a integração, “ouvir as pessoas, perceber onde estavam as dificuldades e em função disso desenvolver projetos para resolver os seus problemas”. Uma das iniciativas foi criar o Wok, “um serviço de apoio às pessoas que chegam do estrangeiro e que têm mais dificuldades em falar, onde se podem desenvolver projetos pessoais e coletivos”. Para além do Serviço de Integração que acolhia e acompanha as pessoas. “Por exemplo quem acabou de chegar e está com dificuldade em escolarizar as suas crianças, tem alguém que o acompanha individualmente na integração”, sublinha Paulo Aguiar.
Depois Roberto Traversini foi eleito burgomestre e continuou a desenvolver projetos como o Festival das Culturas. Nas eleições de 2017, Paulo Aguiar foi eleito o 7° Conselheiro Comunal pelos Verdes. “Não estava nada à espera!”, confessa.
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Prefere falar de “inclusão” a “integração”. Um processo que leva a que as pessoas “se sintam em casa, porque estamos mesmo em casa”, garante. O que “significa estarmos integrados num país onde temos tudo”. “É preciso encontrar soluções para aquilo que nos falta e para isso as pessoas devem comunicar até através de línguas diferentes, mas sem ter receio ou dificuldades”. Mas para a integração “aprender luxemburguês é extremamente importante, porque não podemos esquecer que estamos no Luxemburgo”.
Reconhece que essa “é uma tarefa extremamente difícil”. “Como é que podemos fazer depois de trabalhar oito horas a dez horas por dia, ainda termos a cabeça, mas há que encontrar a melhor solução para nos adaptarmos”, sugere. Porque “se vivemos numa zona mais diversificada, vai ser mais difícil. Se falamos todos os dias português com quem vamos aprender?”, diz. “Para mim foi mais fácil porque sempre trabalhei num ambiente em que se falava luxemburguês”, acrescenta. Mas “para dar esse passo há que encontrar as formas de o fazer, em termos profissionais deveria haver mais maneiras de poderem aprender a língua, o que não é fácil, porque é uma língua extremamente difícil”, reconhece. Por exemplo poderiam desenvolver ’cafés de langues’ onde todas as semanas durante uma hora se falam.
Tem pena que nas muitas atividades culturais promovidas na cidade “temos pouca participação da comunidade portuguesa”. Neste momento em termos de projetos transversais “vamos ouvir as pessoas, saber quais as necessidades para podermos montar os projetos”. “Como câmara temos que saber o que precisam as pessoas para responder às necessidades”, diz.
“Pouco interesse” é a razão que aponta para a baixa participação política dos imigrantes portuguesas nas eleições comunais. “Lembro que os meus familiares diziam na altura: “Este país não nos pertence e não temos nada que estar aqui a votar. E infelizmente essa ainda é a opinião de muita gente hoje em dia”, sublinha Paulo Aguiar. Uma ideia completamente errada. “Porque antes ainda se podia pensar vamos ficar aqui até à reforma e depois vamos embora. Mas hoje em dia acabamos por ficar, porque os nossos filhos ficam e os nossos netos também ficam”.
Neste momento “estamos a trabalhar para ter representantes do povo e para mim é extremamente importante que as pessoas tenham a consciência que vão eleger uma pessoa que os vai representar”. “E o que mais me incomoda são as pessoas que criticam e têm todo o direito de criticar, mas depois não participam”, desabafa.
Reconhece que os portugueses têm imensos problemas de integração. “A questão da língua, a questão da escola, porque existem muitos pais que não acompanham os filhos na escola por dificuldades na língua, ou porque trabalham”. Mas aconselha a todos os pais que não consigam acompanhar os miúdos a “procurar alguém que os apoie e não deixar que eles estejam entregues a si mesmos”.
Situações que continuam a acontecer. “Criei um serviço de juventude para os apoiar e acompanhar. Temos quatro casas de apoio a Jovens em Differdange que desenvolvem projetos de apoio educativo destas crianças o que é fenomenal, porque em Esch só há uma”.
Outro dos problemas é a “precariedade no emprego que também gera problemas de integração. Depois “há problemas financeiros, de emprego e sociais”. “Há muitos portugueses aqui que estão numa situação mais precária, têm dificuldades financeiras” e têm mais dificuldade em conseguir habitação. Paulo Aguiar sublinha que estão a trabalhar nas soluções.
Depois aconselha: “se as pessoas se sentem discriminadas devem apresentar queixas”. Mas em termos profissionais “nunca senti essa discriminação”. “Se me falarem em discriminação entre mulheres e homens, aí ainda há muito trabalho a fazer”, acrescenta.
E a igualdade de género é uma das prioridades e “temos que continuar a fazer campanhas para os adultos, mas temos que começar com os mais pequenos na escola e aí é que tem que se começar a jogar a igualdade de oportunidades. E depois há que sensibilizar os homens para a questão da igualdade das oportunidades. “Como sensibilizar o género masculino senão estão incluídos nos debates, nas discussões e nas festas”, salienta. “Por exemplo na polícia ainda só temos 15% de mulheres, como e que é possível, quais são os entraves?”. O problema é que “muitos homens não têm consciência que existe essa “discriminação de género”. Paulo Aguiar está sempre pronto a ajudar e o seu telemóvel não para de tocar enquanto falamos. Do outro lado da linha podem estar os mais diversos pedidos.
E o futuro? “Tenho a ambição de continuar a trabalhar para a população de Differdange e pela integração e para que as pessoas se sintam em casa, porque estamos em casa”, sublinha. E quem não se sente em casa tem que perceber porque não se sente em casa e quais as dificuldades.
“Se é um problema de língua? Temos cursos que são feitos à noite. Têm problemas de fazer à noite? Vamos tentar arranjar uma solução. Querem fazer desporto? Temos uma cidade com mais de 40 associações desportivas. E a melhor forma de integração é o desporto. Porque quando lá chego tanto falo luxemburguês, como o francês, como o inglês e se for preciso ainda aprendo croata. Porque as pessoas só querem é fazer desporto juntos”, salienta.
Outro exemplo de integração é o Festival das Culturas, “porque o que nos reúne como povos é comer e beber e ouvir música”. Mas não tem dúvidas que “os portugueses deveriam ser mais participativos”. O desporto e a cultura são, na sua opinião, as principais formas de integração.
Mas mais importante que tudo é inscrever-se para votar nas eleições comunais de 11 de junho não importa em quem. Porque “o futuro está nas nossas mãos”, conclui.