"Nunca gostei do sigilo bancário", diz Juncker
Numa entrevista ao jornal belga "L'Echo", divulgada no sábado, o primeiro-ministro Jean-Claude Juncker evocou a situação da praça financeira e, sobre o sigilo bancário, disse nunca ter sido partidário desta medida.
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"Nunca gostei do sigilo bancário. Durante vários anos, a praça luxemburguesa assumia um papel, que era tornar-se, em matéria de gestão de fortuna privada, numa praça em que se podiam orientar os investimentos dos outros países. Nunca vi com bons olhos que estes investimentos não estivessem submetidos às obrigações fiscais nos seus países", explicou Juncker.
Ainda segundo o primeiro-ministro, a renúncia ao sigilo bancário não apresenta "grandes riscos" para o sector financeiro.
"Para manter o sector, levámos a cabo uma série de outras especialidades bancárias diversificadas que nos permitem hoje renunciar ao sigilo bancário sem grandes riscos para o mercado financeiro".
Ministro das Finanças durante 20 anos, Jean-Claude Juncker, acompanhou de perto a praça financeira luxemburguesa e diz que ela está longe de estar "morta".
"Fui ministro das Finanças durante 20 anos. Sempre foi predita a morte súbita da praça financeira luxemburguesa, sobretudo na Bélgica. Mas ela está aí", disse Juncker ao jornal belga.
"A praça financeira, dada a riqueza dos seus produtos, que aumenta de dia para dia, não é mais uma praça financeira monolítica, não é mais o peso do banking, como foi o caso de há longos anos. É uma praça financeira diversificada. Somos o número 2 mundial em termos de fundos de investimento e o número 1 na Europa", acrescentou o primeiro-ministro.
No entanto, com o fim do sigilo bancário para 2015, Juncker admite "a perda de vários clientes", situação que não deixa de "produzir certos efeitos em matéria de emprego".