Mais de 120 pacientes foram tratados com canábis desde janeiro
Desde o dia 20 de janeiro, cerca de sete quilos de canábis foram prescritos no Luxemburgo, segundo o ministro da Saúde. A utilização da canábis para fins medicinais faz parte de um "projeto piloto" que irá durar dois anos.
Três meses após a introdução da canábis para fins medicinais no Luxemburgo, mais de 120 pacientes foram tratados com esta substância, de acordo com o ministro da Saúde, Etienne Schneider, em resposta a uma pergunta parlamentar.
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Desde o dia 20 de janeiro deste ano, 250 médicos - de um total de 2.014 no Luxemburgo, segundo a Faculdade de Medicina - estão autorizados a receitar canábis aos seus pacientes com esclerose múltipla, doenças cancerígenas ou graves. Desde então, foram receitados cerca de sete quilos de canábis, segundo Schneider.
Contudo, alguns pacientes não esperaram por esta "luz verde" para se tratarem com esta planta. Como é o caso de Line (nome fictício), que há anos que consome canábis medicinal. A advogada sofre de esclerose múltipla há 13 anos e anda sempre com uma bengala. No início, estava céptica quanto aos efeitos benéficos da canábis, associando a planta sobretudo a uma droga. Mas, nos últimos três anos, a sua opinião mudou completamente.
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Um dia, uma amiga trouxe-lhe uma tigela com canábis para que Line experimentasse. Após ler várias pesquisas na Internet, Line começou por fazer manteiga de canábis, como a maioria dos principiantes. "Peguei numa baguete e fiz um uma sandes. Era verde e tinha um cheiro forte. É um pouco nojento, devo dizer", explica Line com um sorriso. Meia hora depois, não houve efeito. Line decidiu fazer uma segunda sandes e ainda uma terceira, que já não conseguiu terminar. "Os efeitos não se manifestam até depois de uma hora e meia, mas eu não sabia. Estava doente como tudo e a ter uma pequena overdose", ri. Rapidamente, Line deitou-se e dormiu seis horas seguidas, sem qualquer problema.
Manteiga de Canábis
"Acordei revigorada, o que não me acontecia há muito tempo. Costumava tomar muitos comprimidos para dormir, sem sucesso. Eu não gosto muito de drogas, prefiro substâncias naturais", conta. Desde então, Line come todas as noites um queque "especial" antes de ir para a cama.
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A nova lei é encarada como um "projeto piloto", já que ao fim de dois anos será alvo de uma análise aprofundada, para determinar o eventual alargamento do uso da canábis medicinal a outros doentes, como por exemplo as pessoas portadoras do vírus VIH. Esta iniciativa foi criticada pela Cannamedica Luxembourg, uma associação criada em 2017 que promove o uso de canábis medicinal. "Para quê testar algo que já está provado? Existem vários estudos que comprovam o potencial desta planta para a sociedade", disse Bob Lessel, membro da associação.
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Em 2012, será feita uma avaliação do impacto desta experiência. Através do "número de pacientes e de receitas prescritas", serão recolhidos "os dados necessários para decidir sobre uma possível consolidação ou desenvolvimento do dispositivo nacional nesta área", disse o Ministério da Saúde ao Luxemburger Wort.
Sophie Wiessler
O artigo original foi publicado em francês no Luxemburger Wort