Luxemburgo é o país onde os filhos de imigrantes são mais discriminados
Quem o diz é a Comissão Europeia, que deixa um aviso: o país tem de tornar o sistema educativo mais justo ou fecha a torneira do dinheiro.
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O Grão-Ducado é o país da UE onde os filhos de imigrantes e de classes sociais desfavorecidas são mais discriminados e iso está bem patente no último relatório da Comissão que alerta: governo terá que em 2023 e 2024 “melhorar o desempenho do sistema educativo e promover a igualdade de oportunidades para todos os estudantes".
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Que é o mesmo que dizer que terá de "adaptar o sistema educativo às necessidades dos estudantes desfavorecidos e aos originários de diversas origens linguísticas”, como os portugueses.
Esta é uma das quatro recomendações emitidas pela Comissão Europeia especificamente para o Luxemburgo. Se não as cumprir, Bruxelas fecha a torneira do dinheiro europeu: é do cumprimento destas recomendações que depende a entrega de fundos do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR).
O que significa que os governos dos 27 Estados-membros são obrigados a cumprir as suas recomendações específicas e dar explicações à Comissão sobre o progresso das medidas tomadas.
Os mais ricos estão à frente em tudo: até no ensino
No caso do Luxemburgo, a questão da Educação é uma das quatro tarefas a que o governo de Xavier Bettel terá de dar respostas concretas nos próximos meses. No entender de Bruxelas, o ensino do país está ferido de injustiças em vários aspetos. E é urgente fazer mudanças.
O ensino no Luxemburgo é altamente injusto, alerta o documento dedicado ao Luxemburgo, dando razão às muitas personalidades, sobretudo de comunidades imigrantes, que têm criticado a forma como o ensino é uma barreira para a evolução e integração dos alunos.
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No documento, explica-se que “a língua falada no sistema educativo nacional ao nível primário é o luxemburguês, enquanto os alunos aprendem a ler e a escrever em alemão. Todas as disciplinas são ensinadas em alemão (exceto a disciplina de Francês). Isto constitui uma muito alta exigência de conhecimentos linguísticos num país onde apenas um em três alunos fala luxemburguês como primeira língua”.
Além desta barreira linguística, que coloca não falantes de luxemburguês e de alemão, numa posição de grosseira desvantagem, há ainda uma grande discrepância de oportunidades entre alunos de origens socioeconómicas diferentes.
Segundo a Comissão Europeia, o Grão-Ducado é o líder na discriminação das famílias mais pobres em questões de Educação: “A diferença entre alunos de classes mais privilegiadas e os seus colegas menos afortunados é maior no Luxemburgo do que em qualquer outro país europeu”.
Dito de outra forma, “as competências que os alunos adquirem e o seu desempenho dependem largamente da sua origem económica e linguística”, conclui-se no texto.