Já se trocaram as primeiras farpas na campanha eleitoral
Os pontos de convergência e de divergência entre os principais candidatos nas eleições comunais da Cidade do Luxemburgo foram evidenciados num debate na quarta-feira à noite.
Os quatro candidatos dos principais partidos (da esquerda para a direita): Gabriel Boisante (LSAP), Serge Wilmes (CSV), Lydie Polfer (DP) e François Benoy (déi gréng). © Créditos: Chris Karaba
Durante um debate organizado na terça-feira à noite pelo Luxembourg Times, os quatro principais cabeças de lista à capital - Gabriel Boisante (LSAP), Serge Wilmes (CSV), Lydie Polfer (DP) e François Benoy (déi gréng) - não hesitaram em trocar as primeiras farpas perante uma audiência de quase 100 residentes estrangeiros.
Como mobilizar os residentes estrangeiros?
Duas horas antes do debate, a Cidade do Luxemburgo anunciou o número de não-luxemburgueses que se registaram para votar. Apenas 15% dos residentes estrangeiros deram este passo para votar em junho na capital. "Não podemos estar satisfeitos com esta pontuação", reagiu o franco-luxemburguês Gabriel Boisante.
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A obrigatoriedade do voto, uma vez feito o registo, é apresentada como uma das explicações para este desinteresse dos residentes estrangeiros.
Um residente registado que não vá às urnas no dia em questão deve, em teoria, receber uma multa. Mas isto, na prática, "não se aplica", disse Lydie Polfer, um facto que os nacionais conhecem bem, mas não necessariamente os estrangeiros.
Gabriel Boisante expressou também a sua frustração pelo registo de estrangeiros ter sido encerrado antes do início oficial da campanha, dizendo que "não faz sentido" e que desencoraja as pessoas a se registarem.
Por sua vez, François Benoy congratulou-se com a abordagem do partido dei Lénk, que foi de porta em porta para informar cidadãos não-luxemburgueses sobre o seu direito de participar nas eleições. "Realizámos também muitas ações e fomos falar com as pessoas. É a diferença entre enviar uma carta e ir ao encontro de pessoas e dizer-lhes que as comunais têm impacto na sua vida quotidiana".
O candidato mostrou-se ainda a favor de uma "cultura de acolhimento onde a autarquia explica a cada novo residente que tem o direito de votar".
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Diferenças em matéria de segurança
O tema da segurança foi um dos mais acesos da noite. Serge Wilmes e Lydie Polfer anunciaram que tinham incluído o regresso da polícia municipal no seu programa. "No que diz respeito à segurança, muitas medidas devem ser tomadas a diferentes níveis, quer seja com a polícia ou de um ponto de vista social, mas também ao nível da justiça", insistiu a burgomestre.
"Uma reforma da polícia é uma questão nacional que não será feita em dois, três ou quatro anos, mas que levará muito mais tempo na comuna", argumentou François Benoy. Gabriel Boisante, por seu lado, opôs-se claramente a tal medida.
Como encontrar alojamento na capital?
Em matéria de habitação, "precisamos de investir mais. Temos de repensar os nossos procedimentos de autorização e construção", disse Boisante. "Temos 10.000 pessoas a mudarem-se todos os anos, 5.000 habitantes partem para outras cidades de todo o país. Porquê? Porque não têm dinheiro para ficar", questionou o candidato do LSAP.
Por sua vez, François Benoy recordou que a autarquia devia investir mais dinheiro na criação de espaços públicos e na compra de terrenos. Em resposta, Lydie Polfer disse que a cidade está a investir na habitação social, com 17 casas a serem construídas em Hamm.
Serge Wilmes salientou que gostaria de ver mais comércio local em todos os distritos da capital. "Precisamos de pôr em prática um plano de desenvolvimento local para os bairros, que nos permita ver os seus pontos fortes e fracos.
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A mobilidade também foi a debate
O candidato verde François Benoy pronunciou-se ainda a favor da restruturação das ruas da Cidade do Luxemburgo, o que permitiria uma maior aplicação dos limites de velocidade, particularmente nas zonas de 30km/h.
"Precisamos de mais lugares mais verdes e para os peões estarem mais seguros. A mobilidade é uma das chaves para responder à crise climática e para ter praças mais animadas. Esta é uma das nossas prioridades que a atual maioria não tem implementado nos últimos anos", sublinhou.
"Se tivéssemos apenas a população da Cidade do Luxemburgo, conseguiríamos facilmente gerir a mobilidade, mas 40% dos empregos do país estão na capital", defendeu, por seu lado, Lydie Polfer.
Questionados pelo Virgule à saída do debate, Wilme e Polfer rejeitaram a ideia do partido Fokus de retirar a Schueberfouer do Glacis. "Esta feira faz parte do património mundial da Unesco."
(Artigo publicado originalmente no Virgule e editado para o Contacto por Filipa Matias Pereira.)