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Investigação internacional. Luxemburgo terá encoberto fundos provenientes de atividades criminosas

Investigação diz ainda que o país terá ajudado multinacionais, bilionários, artistas e até membros de famílias reais a fugir aos impostos.

© Créditos: Guy Jallay

Fonte: Redação

(Diana Alves e Susy Martins)

Uma investigação internacional, denominada "Open Lux" e publicada esta segunda-feira pelo jornal francês Le Monde, volta a pôr o dedo na ferida e a acusar novamente o Luxemburgo de evasão fiscal. Durante um ano o jornal Le Monde e outros 16 meios de comunicação social analisaram três milhões de documentos, e concluíram que o Luxemburgo terá ajudado multinacionais, bilionários, artistas e até membros de famílias reais a fugir aos impostos. Uma prática que prejudica outros países, uma vez que em causa estão milhões de euros em evasão fiscal.

"Empresas fantasma sem escritório nem empregados foram criadas por bilionários, multinacionais, atletas, artistas, responsáveis políticos de alto nível e mesmo por famílias reais", escreve o Le Monde esta segunda-feira, citando nomes como Tiger Woods, a família Hermès, Shakira ou o príncipe herdeiro da Arábia Saudita. Naquilo que considera ser um dos resultados mais surpreendentes da investigação, a Open Lux alega que o Luxemburgo terá também dissimulado fundos provenientes de atividades criminosas. Os jornalistas falam em "fundos duvidosos, suspeitos de ter origem em atividades criminosas ou ligadas a atividades criminosas visadas por investigações judiciais", que, segundo dizem, terão sido "dissimulados no Luxemburgo".

De acordo com o inquérito, em causa estão, por exemplo, empresas ligadas à máfia italiana (a Ndrangheta) e à máfia russa. Os investigadores dizem também que a Liga Norte, partido italiano de extrema direita, terá escondido no Grão-Ducado fundos procurados pelas autoridades italianas.

Ler mais:Bancos luxemburgueses facilitaram milhões ao crime

Em reação à investigação, o Governo luxemburguês rejeita todas as acusações sobre as alegadas lacunas do dispositivo de luta contra o branqueamento de capitais. Num comunicado de imprensa, o Executivo sublinha que a legislação luxemburguesa respeita as diretivas europeias e padrões internacionais e que tanto a União Europeia, como a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) não identificaram até agora no país qualquer sistema fiscal ou práticas fiscais que possam prejudicar outros Estados.

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