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Grão-Duque preocupado com alterações climáticas

Foi a mensagem forte do Grão-Duque Henri no tradicional discurso de Natal. O Grão-Duque fez um alerta dramático sobre as alterações climáticas, recordando os avisos deixados pelas tragédias naturais que marcaram 2017.

Foi a mensagem forte do Grão-Duque Henri no tradicional discurso de Natal. O Grão-Duque fez um alerta dramático sobre as alterações climáticas, recordando os avisos deixados pelas tragédias naturais que marcaram 2017.

A mensagem natalícia do soberano luxemburguês serviu para fazer um balanço de 2017. E se a nota atribuída ao ano que termina daqui a alguns dias é globalmente positiva – a começar pela “melhoria da conjuntura económica” e a acabar na inauguração do elétrico, considerada “uma etapa importante” para o país –, o Grão-Duque apontou também alguns sinais de inquietação no planeta.

O discurso transmitido pela RTL começou com uma declaração de alívio por o pior receio em 2017 não se ter concretizado: “a subida do populismo” nos países vizinhos. Uma alusão à ameaça de crescimento da extrema-direita em França, nas eleições presidenciais, com a candidatura de Marine Le Pen, que sairía derrotada. “O projeto da construção europeu saiu reforçado das consultas populares, apesar de as interpretações do que este significa divergirem”, considerou o Grão-Duque.

Mas foram as alterações climáticas a ocupar o grosso do tempo de antena do Grão-Duque Henri. “Se tivesse de escolher uma recordação política” deste ano, o Grão-Duque diz que seria a sua participação na cimeira do clima em Bona (COP 23), em novembro. Um momento que o “impressionou muito”, recordou o Grão-Duque.

”Vi-me rodeado de líderes dos países que mais sofrerão com as consequências climáticas nos próximos anos: países em desenvolvimento ou países no fim do mundo [...] sofrerão os efeitos mais devastadores das perturbações meteorológicas futuras, de que tivemos exemplos assustadores este ano, ou desaparecerão por causa da subida do nível dos oceanos”, afirmou, recordando o “ambiente grave e pesado” da cimeira que reuniu delegados de 200 países.

O soberano do mais pequeno país da União Europeia apontou como exemplo de países ameaçados os “numerosos micro-Estados na Ásia e no Pacífico” e mostrou-se preocupado com o seu futuro. “As suas terras serão submergidas, se não fizermos o que está nas nossas mãos”. “Não há pior destino anunciado”, avisou, apelando à ação. “Pude sentir quão vital era, para eles e para nós, acionar mecanismos de combate ao aquecimento climático e passarmos todos para uma velocidade superior, indo mais além nas medidas anunciadas [de combate ao aquecimento global]”. A mudança passa também “pelos comportamentos individuais”, frisou o Grão-Duque. “O tempo urge, porque os estudos científicos mostram que estamos a chegar ao limite em que as coisas se tornam irreversíveis”.

Uma mensagem que poderia ser classificada como “anti-Trump”: apesar de o nome do Presidente dos Estados Unidos – que anunciou este ano a saída dos EUA do Acordo de Paris sobre alterações climáticas – nunca ser referido, o Grão-Duque mostrou que está no extremo oposto dos negacionistas do aquecimento global.

O Grão-Duque concluiu com um apelo à solidariedade, recordando que, se o Luxemburgo é um país “próspero”, há “concidadãos que sentem dificuldades em chegar ao fim do mês” e não usufruem do “bem-estar geral”. “A faculdade que temos de ir ao encontro dos outros faz parte do nosso ADN”, rematou.

Paula Telo Alves