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Costa e Marcelo

"É imperdoável" que a comunidade portuguesa no Luxemburgo vote tão pouco

Marcelo Rebelo de Sousa, António Costa e Xavier Bettel fizeram um forte apelo à votação da comunidade portuguesa nas eleições comunais numa receção à comunidade portuguesa, antes de assistirem ao Jogo Luxemburgo-Portugal.

© Créditos: Laurent Blum/Pixxel.lu

O que fazem em conjunto o primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, o chefe do executivo português, António Costa e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, antes do jogo Luxemburgo-Portugal? Alguma das mais altas figuras do Estado do país apelam aos portugueses que votem nestas eleições comunais. Abriu a época da caça ao voto do português no Luxemburgo e com toda a artilharia pesada.

O Presidente da República e o primeiro-ministro apelaram hoje à inscrição dos portugueses no Luxemburgo para as eleições locais e consideraram que “é imperdoável” que a maior comunidade estrangeira no país tenha uma percentagem reduzida de participação. "Como é que nós não nos inscrevemos mais? É tão importante ter uma palavra a dizer", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa numa receção à comunidade luxemburguesa que decorreu este domingo num hotel da capital luxemburguesa.

“Quer dizer, cantamos nós o hino nacional a dizer 'às armas, às armas, lutar, contra os canhões e tal', e pelas votações, pelas eleições, pela participação, não nos mobilizamos? É pegar numa oportunidade e deitá-la fora pela janela. É imperdoável”, considerou Marcelo Rebelo de Sousa, durante um encontro com elementos da comunidade portuguesa, no Luxemburgo.

Ladeado por António Costa e pelo primeiro-ministro luxemburguês, Xavier Bettel, o Presidente da República acrescentou que “os ausentes nunca têm razão”.

“Eu quando perguntei como é que estamos de votação, disseram-me que estavam recenseados, até ao final de janeiro, 4.600 portugueses. Estamos a brincar, como é que é possível? Somos o dobro dos franceses, quatro vezes os belgas e italianos”, completou o chefe de Estado português. "É fundamental inscrecerem-se e ir votar!" afirmou no seu discurso. E ficou a surpresa anunciada. "No final do Jogo, vamos encontrar um sítio em que haja portugueses que não estejam inscritos, vamos beber e comer qualquer coisa" e apelar a que se inscrevam, sublinhou o chefe de Estado português.

O Presidente da República acompanhou com um tom jocoso uma mensagem revestida de seriedade e que foi exacerbada pelo primeiro-ministro. António Costa advertiu que a participação nas eleições autárquicas do Luxemburgo “não diminuiu em nada a portugalidade”.

E recordou a altura em que foi autarca para explicar a importância do poder local: “Eu fui presidente de câmara [em Lisboa], Xavier Bettel foi presidente de câmara, e é o vínculo mais próximo e a instância de poder mais próxima do cidadão. Aquela onde os cidadãos se dirigem mais diretamente quando têm um problema, ou porque a lâmpada não funciona e há um buraco na calçada… Bem, no Luxemburgo não há calçada, portanto não há buracos.”

Referindo-se ao vídeo de gravado para o Contacto com o apelo ao voto dos portugueses diz que ficou "emocionado quando vi o vídeo e com a gravação que Xavier Bettel fez num excelente português".

Ler mais:Vídeo exclusivo. Primeiro-ministro Xavier Bettel faz apelo em português

Também Marcelo Rebelo de Sousa referiu-se à gravação ironizando dizendo que "o vídeo é muito perigoso". "Felizmente que estou a meio do meu último mandato. Seria muito perigoso ter como adversário Xavier Bettel se ele um dia decidir candidatar-se a Portugal. Será um problema para si, senhor primeiro-ministro. Tenha atenção. Porque o português estava muito bem!", alertou em tom de ironia o presidente português.

As eleições autárquicas no Luxemburgo realizam-se no dia 11 de junho. Os eleitores têm até às 17:00 de 17 de abril para fazer a inscrição para conseguirem participar no sufrágio.

O Luxemburgo é o país com a maior comunidade portuguesa no estrangeiro em proporção, representando 14,5% da população total e perto de um terço da população estrangeira.

De acordo com os dados estatísticos mais recentes, no final de 2022, residiam no Grão-Ducado cerca de 100 mil portugueses (incluindo 17 mil com dupla nacionalidade).

(com Lusa)

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