Discurso de Natal de Sua Alteza Real o Grão-Duque
Para seguir o vídeo com legenda em francês basta clicar em "cc". Pode ler também a tradução do discurso em português, mais abaixo.
Caros concidadãos,
Como é tradição, gostaria, nesta véspera de Natal, de compartilhar com vocês algumas reflexões tendo em conta os acontecimentos mais importantes deste ano. Ao analisar os últimos meses percebemos que 2013 foi, tanto no estrangeiro como por cá, um ano marcado por acontecimentos extraordinários.
Em primeiro lugar gostaria de evocar esses acontecimentos passados, em que a análise demonstra uma perda lamentável de confiança na política e nas instituições. Estes factos foram seguidos pela necessidade de dissolver a Câmara dos Deputados e realizar novas eleições.
Estas eleições levaram à formação de uma nova maioria que se reflecte na composição tanto da Câmara dos Deputados como na do Governo. Entretanto, a Câmara dos Deputados e o Governo foram constituídos e os seus membros foram empossados . Ambas as instituições têm a oportunidade, seis meses antes do final do prazo regular, de dar uma nova orientação à política com o intuito de dar respostas aos grandes desafios que o nosso país enfrenta. Neste espírito, desejamos aos seus membros que possam ter um bom exercício nas suas importantes funções.
O trabalho feito pelo Governo anterior também merece o nosso respeito. Em especial, gostaria de agradecer ao senhor Juncker pelos serviços que prestou durante tantos anos ao Luxemburgo e à Europa.
Ao mesmo tempo, gostaria de mencionar o compromisso político extraordinário que marcou estas eleições. Nunca tivemos tantas candidaturas. Este compromisso demonstra que a nossa sociedade é uma sociedade viva e que um grande número de concidadãos está disposto a comprometer-se com o bem comum. Agradeço vivamente a todos pelo compromisso, inclusive àqueles que não obtiveram o mandato político.
Caros concidadãos,
Como nos anos anteriores, devo abordar a situação económica e financeira difícil da Europa e do Luxemburgo. Se alguns indícios sugerem que a actividade económica pode vir a ter uma recuperação no próximo ano, o contexto social e financeiro em que está o nosso país resta, no entanto, marcado pelas consequências da crise mundial.
Nunca tivemos tantas pessoas desempregadas no nosso país. Muitos deles são trabalhadores de uma certa idade que perderam os seus postos de trabalho e que estão numa posição muito difícil para reentrar no mercado de trabalho.
À parte disto é preciso também ajudar os jovens. Muitos deles gostariam de assumir o controlo de suas vidas, mas sem trabalho os seus projectos pessoais, familiares e profissionais não podem ser facilmente alcançáveis, serão até mesmo impossíveis de alcançar.
O contexto económico difícil que acabei de mencionar existe por alguma razão. Esta situação explica-se também por uma tomada de consciência insuficiente do fato de que as pessoas, e especialmente os jovens à procura de um emprego e que não têm uma formação sólida, venham cada vez mais a ter dificuldades em encontrar um emprego.
A transformação da nossa economia e o carácter sempre mais exigente de uma sociedade baseada nos serviços põem em evidência a necessidade de proporcionar aos nossos jovens a melhor educação possível e de a concluir mais tarde através de um recurso orientado à formação profissional.
É igualmente importante que as suas famílias, a escola e o meio social preparem os jovens para o lugar que vão ocupar na sociedade e na vida profissional. É particularmente importante combater os estereótipos e os preconceitos sobre certas profissões. A orientação não deve mais reflectir uma imagem social ligada erradamente a muitas profissões manuais, por exemplo. Só uma orientação adequada - baseada nas ambições e nos talentos dos jovens - permite à formação ser verdadeiramente útil aos jovens, ser motivo de satisfação para cada um deles e ajudar a sociedade a avançar como um todo.
Caros concidadãos,
No plano internacional, quero sublinhar o importante papel que o Luxemburgo assume depois desta primavera no seio da ONU. Podemos estar orgulhosos do mandato como membro do Conselho de Segurança que o Luxemburgo goza durante um período de dois anos. Constituindo não somente um sucesso diplomático, este mandato também reflecte o enorme compromisso com a paz no mundo que o nosso país faz prova.
Este compromisso inscreve-se na continuidade lógica dos esforços de manutenção da paz que o nosso país presta sob a autoridade das Nações Unidas, metendo à sua disposição soldados e polícias luxemburgueses.
Da mesma forma, o acolhimento do Luxemburgo a refugiados sírios inscreve-se neste compromisso humanitário. A necessidade de tal assistência justifica-se tendo em vista o imenso desespero de tantas pessoas que fogem de um regime ou de uma guerra.Por ocasião da visita de Estado à Turquia, a Grã-Duquesa e nosso ministro dos Negócios Estrangeiros puderam obter uma ideia da dimensão da catástrofe humanitária desencadeada pelo conflito sírio.
Neste contexto, todos nós, podemos estar justamente orgulhosos da importante ajuda material e pessoal disponibilizados pelo nosso país em matéria da cooperação para o desenvolvimento.
No entanto, a minha gratidão não é apenas para com o compromisso no plano internacional. Muito pelo contrário: quero especificamente para homenagear os méritos dos membros da nossa sociedade que também se colocam ao serviço dos concidadãos que atravessam situações difíceis. Neste sentido, temos de continuar a lutar contra a pobreza. A nossa solidariedade é mais importante do que nunca.
Na véspera de Natal, os nossos pensamentos estão especialmente com os membros doentes da nossa sociedade, a quem desejamos muita coragem e confiança para enfrentar o futuro.
Caros concidadãos,
Pessoalmente, é com grande alegria que a Grã-Duquesa e eu recordamo-nos do casamento do príncipe Felix e da Princesa Claire. Gostaria de aproveitar esta oportunidade para agradecer às muitas pessoas que acompanharam esta bela festa, pelo interesse que eles trouxeram ao acontecimento. As muitas manifestações de simpatia tocaram-nos bastante.
Caros concidadãos,
Com a Grã-Duquesa, meu pai, o Grão-Duque Jean, o Príncipe Guillaume e a Princesa Stéphanie e toda a família, desejo a todos um Feliz Natal e um feliz 2014. Aproveito também para dirigir-me aos concidadãos da comunidade internacional no Luxemburgo e desejar-lhes um Feliz Natal e um feliz Ano Novo.