David Pereira: “Quero melhorar o impacto da Amnistia Internacional ao nível local”
O luso-descendente David Pereira assumiu recentemente o cargo de presidente da secção luxemburguesa da Amnistia Internacional (AI), com sede em Londres e filiais por todo o mundo, e que centra a sua acção na defesa dos direitos humanos.
© Créditos: Anouk Antony
David Pereira nasceu no Luxemburgo há 37 anos, tendo estudado no Lycée Technique pour Professions de Santé. Presidente da secção luxemburguesa da Amnistia Internacional desde final de Março, o luso-descendente explicou ao CONTACTO o seu percurso na organização.
Há cerca de cinco anos iniciou-se em regime de voluntariado como forma de complemento à sua actividade profissional principal, na àrea da saúde infantil, tendo, desde há três anos, assumido a função de secretário-geral do Conselho de Administração.
Actualmente em fase de identificação das áreas de actuação para os próximos quatro anos, o novo presidente admite que no Luxemburgo a organização beneficia de um clima de paz e de boas relações com o Governo e outras instituições.
"A AI no Luxemburgo está a mudar nível legal, mas é difícil criar sedes", o que não significa que faltem ideias e projectos para o futuro.
"Quero melhorar o impacto da AI a nível local, mas para tal precisamos de pessoas no terreno", acrescenta, admitindo que para uma melhor intervenção é necessário mais voluntários.
Um trabalho que pode passar pela integração num dos vários grupos de trabalho de defesa dos direitos de refugiados, mulheres, jovens, ou acções urgentes.
Nesta última categoria estão incluídas acções dirigidas a cidadãos presos injustamente e cuja intervenção já promoveu a libertação de mais de uma dezena de pessoas por todo o mundo.
David Pereira salienta a importância de trabalhar junto dos jovens e educar desde cedo para a importância do respeito pelos direitos humanos. "Sem acção as coisas não evoluem de forma positiva. Tem que se trabalhar muito para os direitos humanos e protecção social".
Esta é, aliás, uma questão que "desde 2007 se tem vindo a deteriorar", alerta. "Com o início da crise assistimos a um retrocesso nos direitos humanos já adquiridos, e, paralelamente, ao regresso dos extremistas no poder".
Frequentes são as acções da AI para abolição da pena de morte. No geral "assistimos a uma melhoria da situação mundial. Só um país na Europa mantém a pena de morte, a Bielorrússia. Recentemente, nos EUA houve um Estado que a aboliu, Maryland". No entanto, noutros países a situação está a piorar, revela: "Em países africanos e na Síria a crise está a levar ao aumento da violência".
Em Portugal, em 2012, esta organização indicou três áreas a melhorar em matéria de direitos do Homem: violência doméstica, maus tratos em prisões e dificuldades no acesso à habitação por parte de minorias.
A acção da Amnistia Internacional no Luxemburgo contou, em 2013, com o apoio dos seus seis funcionários assalariados e 150 voluntários. Todos juntos, levaram a cabo 17 acções no último ano, que incidiram sobre temas prioritários como pessoas em perigo e o comércio de armas.
David Pereira está certo de que a sua presença na Amnistia Internacional representa um apoio ainda maior para os que falam a língua portuguesa no Luxemburgo.
Lydia Guardado