Covid-19. Luxemburgo fechou fronteiras a Juliana e o noivo Xavier lançou uma petição
Por não serem casados, a noiva brasileira de Xavier está impedida de entrar no país. Há oito meses que não estão juntos. O mesmo sucedeu à ucraniana Taya, e a sua relação não sobreviveu. Por amor, ambos lançaram petições públicas contra estas restrições por causa da covid-19.
A viagem de Juliana que vive no Rio de Janeiro, Brasil para o Luxemburgo está agora marcada para o dia 1 de dezembro. É a sexta vez que esta ‘carioca’ tem na mão um bilhete de avião com destino ao Grão-Ducado, para se juntar ao noivo, Xavier Ramon, nascido na Bahia mas que vive no Luxemburgo desde os 15 anos.
O casal é um dos milhares pelo mundo a quem a covid-19 tem imposto um afastamento obrigatório, aos residentes de países fora da União Europeia, com relacionamento com cidadãos da UE. Já as pessoas casadas ou que “façam prova da existência de uma relação a longo prazo e de contactos regulares" podem entrar no país.
O Luxemburgo tem essa restrição para países fora da União Europeia, nomeadamente o Brasil, devido à pandemia.
Cheio de saudades da noiva, que não vê desde março, Xavier Ramon, de 30 anos, decidiu lançar uma petição pública pedindo ao Governo para “levantar as restrições aos casais não casados permitindo o seu reencontro”.
Para este produtor de vídeo é suficiente “um certificado de honra que ateste uma relação sincera e duradoura com o cônjuge não comunitário”, não havendo neste caso em especial, necessidade de documentos administrativo”, defende ao Contacto.
“Lancei esta petição por amor. Eu e a Juliana queremos viver juntos, começar uma nova vida aqui no Luxemburgo, com os meus dois filhos, o mais velho tem cinco anos e o outro 2,5 anos”, diz Xavier Ramon que ficou noivo na última passagem de ano. Desde março, que os dois anseiam por reencontrar-se.
Xavier Ramon até produziu um vídeo (em baixo) sobre estas fronteiras impostas ao amor para sensibilizar para os casais que estão separados em tempo de pandemia, que “por não serem casados, ou não poderem fazer prova da relação duradoura e longa” não se podem ver.
Xavier Ramon "já morre de saudades" e espera que seja desta vez, à sexta tentativa, que finalmente possa ir buscar Juliana ao Findel e iniciarem os procedimentos legais para contruírem uma família no Grão-Ducado.
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O Luxemburgo tenciona manter estas restrições até 31 de dezembro, mas Xavier acredita que a noiva vai chegar ao país.
A proibição ditou o fim do namoro de Taya
Após quase oito meses de separação imposta, há muitos que estão a conseguir estar juntos em diversos países ondem possam ambos entrar, acabando por se casar nesses locais, como mostram as mensagens e imagens colocadas no grupo de Facebook ‘Love Is Not Tourism’, que tem 38 mil membros.
Se há relações ficaram mais fortes com os entraves, outras acabam por não resistir à separação. Foi o que aconteceu a Taya Kolesnykova, da Ucrânia à ao seu namorado francês, residente no Luxemburgo.
“Namorámos ano e meio e terminámos há pouco mais de um mês. As razões foram outras, mas as restrições impostas por causa da covid-19 tiveram um grande impacto na nossa relação”, conta ao Contacto esta ucraniana que vive em Kiev, mas durante o namoro esteve por três vezes a passar férias no Grão-Ducado.
Tal como Xavier Ramon também Taya Kolesnykova lançou uma petição, em setembro, no site change.org (clique aqui) a pedir ao Governo do Luxemburgo para permitir aos residentes de países não comunitários poderem visitar os seus namorados no país.
“Quando terminámos o namoro, o meu primeiro impulso foi fechar a petição pública, mas depois pensei 'vai continuar para ajudar outros casais a reencontrarem-se', assume. A petição da jovem ucraniana está registada no site change.org e conta com mais de três centenas de assinaturas.
Quando a União Europeia decidiu fechar as fronteiras em março, Taya Kolesnykova e o namorado já não se viam desde fevereiro, e foram apanhados de surpresa. Mesmo assim, passado cinco meses, em julho, já em tempo de epidemia, conseguiram finalmente encontrar-se. “Passámos as nossas férias na Croácia, um país que nos deixou entrar aos dois”. Depois disso, nunca mais se viram até que a relação terminou.
Nos últimos meses do namoro, também a Ucrânia passou a proibir a saída dos seus cidadãos. Contudo, ficou o encantamento pelo Luxemburgo. “Como o meu ex-namorado reside no Grão-Ducado, visitei o país por três vezes e tínhamos decidido que era no Luxemburgo que iríamos viver juntos”, recorda. “Gosto do país pela natureza, as florestas, pela simpatia das pessoas, pelas ruas agradáveis do centro da cidade e com bom ambiente. Gostava de um dia voltar a visitar o Luxemburgo”, confessou Taya Kolesnykova.