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Paula Montenero da Cruz, Sophie Raoul-Pinheiro, Cristina Ribeiro, Cristina Rodrigues e Maria Hipólito (da esquerda para a direita).
ReportagemComunais 2023

Conheça as seis portuguesas candidatas em Differdange

Paula Montenero da Cruz, Sophie Raoul-Pinheiro, Cristina Ribeiro, Cristina Rodrigues e Maria Hipólito (da esquerda para a direita). © Créditos: Alain Piron

Na lista do CSV há seis mulheres portuguesas a concorrer em Differdange, a terceira maior cidade do país.

Chefe de redação

Conversam com uma cumplicidade de quem já se conhece há muito tempo. São seis mulheres portuguesas de garra que integram a lista do CSV que concorre às eleições comunais em Differdange. E acreditam que vão vencer e assim contribuir para a comuna. Uma cidade em que os portugueses representam quase um terço da população. Estamos no Parque de Differdange, a terceira maior cidade do país que neste momento é governada pelos Verdes e pelo CSV.

Acabam de cruzar-se com um dos candidatos do LSAP que também escolheu este lugar icónico da localidade para tirar fotografias de campanha. Apesar de concorrerem por partidos diferentes, falam com o candidato socialista com uma simpatia pouco vulgar entre concorrentes numa campanha eleitoral em Portugal. As campanhas no Luxemburgo são mais serenas. Com alguns cartazes pelas ruas e caixas de correio cheias de panfletos dos diferentes candidatos.

"Somos seis mulheres diferentes com percursos distintos, mas completamo-nos porque temos as mesmas ideias. Moramos em Differdange e queremos mudar as coisas", afirma Paula da Cruz Barreira.

Todas apelam a uma maior intervenção política dos portugueses, nomeadamente Maria Hipólito, que destaca a importância de concorrer numa comuna onde "trabalha e ganha o ordenado. É muito importante, em termos de direitos de igualdade, estarmos num partido político e sermos seis mulheres, o que mostra que também temos força e somos capazes. Como sabemos gerir a casa, sabemos gerir um país. E somos capazes de gerir todas as dificuldades que encontramos", diz Maria Hipólito.

Para Catarina Gonçalves da Silva, esta presença feminina "é muito importante porque as mulheres estão sempre a ser menosprezadas e postas de lado em termos de política e cargos de mais poder. O facto de sermos bastantes mulheres mostra um bocadinho da mudança que está a acontecer e que as mulheres são tanto ou mais capazes do que os homens".

Cristina Rodrigues, 46 anos

 Cristina Rodrigues, 46 anos

Cristina Rodrigues, 46 anos © Créditos: Alain Piron

Nasceu no concelho de Baião e chegou ao Luxemburgo em 1981. Desde então fez os seus estudos na escola luxemburguesa, frequentando também o ensino português em paralelo. Morou, estudou e sempre trabalhou em Differdange. Fez um curso de secretariado e atualmente trabalha num consultório de otorrinolaringologia, onde está há mais de 20 anos.

Foi convidada para entrar no CSV. Hesitou antes de aceitar porque "a política é algo de novo". "Mas achei que podia trazer o meu contributo, trabalhar no sentido do bem-estar da população, principalmente da nossa. A comunidade portuguesa em Differdange é muito grande, mas neste momento esta cidade tem mais de 100 nacionalidades. O facto de sermos seis mulheres mostra que as mulheres estão dispostas a assumir o compromisso e a trabalhar, ajudando-nos umas às outras. Estamos cá para o nosso povo", conclui.

Paula Montenero da Cruz, 46 anos

Paula Montenero da Cruz, 46 anos

Paula Montenero da Cruz, 46 anos © Créditos: Alain Piron

Casada com dois filhos, é professora de francês no liceu de Esch. É também representante nacional dos pais dos alunos no Luxemburgo há três anos e faz parte da comissão de igualdade de oportunidades em Differdange. Gosta muito de correr. Começou por integrar a representação nacional porque tem um filho que é autista e havia muito a fazer no Luxemburgo para melhorar a escolaridade dos jovens. Além disso, era necessário "chamar a atenção para a situação catastrófica destes jovens com necessidades especiais que atingem a maioridade e não encontram o lugar deles na sociedade e no mercado de trabalho, e com pais abandonados pelo Estado luxemburguês", diz.

Está ligada ao CSV há seis anos. "Meti-me na política porque o CSV tem as mesmas ideias que eu e está a tentar mudar muitas coisas", salienta. Nasceu no Luxemburgo. Os pais estão no Grão-Ducado há mais de 50 anos. Vieram de Montalegre e casaram-se no Luxemburgo. Fez a escola em Differdange. Sempre quis ser professora, mas recorda-se de ouvir um docente dizer que os portugueses não podiam estudar na universidade e ser professores porque eram estrangeiros. O seu percurso deita por terra este preconceito. Há 23 anos que dá aulas na Escola de Esch-sur-Alzette.

Sophie Raoul Pinheiro, 46 anos

Sophie Raoul-Pinheiro, 46 anos

Sophie Raoul-Pinheiro, 46 anos © Créditos: Alain Piron

Chegou ao Luxemburgo em 2008. Filha de pai português e mãe eslovena, fala português sem dificuldades. Desde sempre esteve envolvida nas questões da associação de pais da escola dos seus filhos e na Comuna de Differdange. Entrou na política nas últimas eleições em 2017. "É muito bom estarem seis mulheres portuguesas na lista, porque mostra que as mulheres já não são como antigamente. Agora somos um partido que pode fazer muitas coisas e a opinião das mulheres é muito importante", diz.

Cristina Alves Ribeiro, 32 anos

Cristina Ribeiro, 32 anos

Cristina Ribeiro, 32 anos © Créditos: Alain Piron

Nasceu em Differdange. Os pais vieram de Baião há mais de 42 anos. Fez toda a escolaridade no Luxemburgo e aos 18 anos começou a trabalhar, tendo tirado o seu diploma de vendedora. Fez uma formação de secretaria, mas por agora está a trabalhar na restauração.

Entrou na política em janeiro para "poder ajudar os jovens de Differdange. Como nasci cá, acho que não tive muitas oportunidades aqui. Por isso quero ajudar os jovens a terem oportunidades de alojamento e de trabalho. E as mulheres podem trazer uma forma de pensar diferente dos políticos de hoje. Acho que podemos evoluir muito e mostrar que também podemos ter poder", conclui.

Maria José Hipólito, 46 anos

Maria Hipólito, 46 anos

Maria Hipólito, 46 anos © Créditos: Alain Piron

Chegou ao Luxemburgo há 12 anos e tem um filho com 18 anos. Casada com um português. Começou por viver em Esch, alguns meses. Mas passado pouco tempo veio para Differdange. "Quando cheguei, agarrei o primeiro trabalho que apareceu, na restauração. Passados poucos meses comecei nas limpezas onde estou até hoje", revela. Tudo começou porque "tive um convite para participar numa reunião e fiquei apaixonada pela política", afirma. Começou há cerca de um ano na vida política. Defende que os portugueses deviam participar mais, ser mais ativos "porque temos uma voz e direitos de que devíamos usufruir", diz.

Catarina Gonçalves da Silva, 35 anos

Catarina Gonçalves da Silva, 35 anos

Catarina Gonçalves da Silva, 35 anos © Créditos: DR

Está no Luxemburgo desde finais de 2013. É médica dentista, formada em Portugal e, atualmente, está a fazer um mestrado em Espanha. "Os meus pais sempre estiveram ligados à política, a minha mãe chegou a ser candidata à junta de freguesia", relata. "Já me tinha sido proposto participar nas últimas eleições, mas não tinha os cinco anos necessários de residência", revela. “Nós portugueses também podemos fazer parte do país que escolhemos para viver", acrescenta defendendo que a comunidade portuguesa deve participar mais na vida política.