Como os portugueses conquistaram os luxemburgueses
As iguarias lusas já fazem parte da gastronomia e até o primeiro-ministro fala português.
© Créditos: Chris Karaba/Luxemburger Wort
Neste pequeno Grão-Ducado da Europa, a comunidade portuguesa é um caso único de imigração lusitana. “Em números absolutos, o Luxemburgo é o país com mais portugueses” imigrados, como realçou ao Contacto Aline Schiltz, geógrafa luxemburguesa, e uma das investigadoras com mais estudos sobre a imigração portuguesa no seu país de origem. Uma comunidade que constitui 14,5% da população total do país, com quase 100 mil habitantes, que não só se soube integrar como conquistou os luxemburgueses pelo coração e pelo estômago, pela sua garra, vivacidade e gastronomia.
Os elogios à comunidade lusa são repetidos pelos mais altos representantes do Luxemburgo, entre eles o primeiro-ministro Xavier Bettel que até sabe falar a língua de Camões.
O Luxemburgo não seria o que é hoje sem a comunidade portuguesa
O português de Bettel
"O Luxemburgo não seria o que é hoje sem a comunidade portuguesa", declarou o chefe do Executivo numa conferência de imprensa em Estrasburgo. “A comunidade portuguesa ajudou a construir o meu país” e "nós estamos muito contentes por ter esta comunidade. E a terceira geração são agora luxemburgueses e, ao mesmo tempo, mantêm a sua cultura, as suas raízes e tradições”, acrescentou.
Xavier Bettel surpreendeu todos ao apelar, em língua portuguesa, à inscrição dos portugueses para votar nas comunais num vídeo realizado para o Contacto. Este apelo em português foi mesmo elogiado pelo presidente da República portuguesa, Marcelo Rebelo de Sousa, e pelo primeiro-ministro português, António Costa, quando estiveram no Luxemburgo para ver o jogo das seleções Luxemburgo-Portugal.
“Não falo muito português, mas quando era presidente da Câmara Municipal do Luxemburgo tive que aprender a língua para celebrar casamentos”, revelou Xavier Bettel ao Contacto.
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Os elogios do Grão-Duque
São também constantes os elogios do Grão-Duque Henri aos portugueses. O soberano também tem sangue português. “Tenho bastante orgulho no meu sangue português, penso que isso traz algum calor à nossa vida familiar”, declarou ao Contacto.
Os portugueses dão-nos um calor e fervor muito necessários
Até no futebol a garra lusitana contagia. “Os portugueses dão-nos um calor e um fervor muito necessários. Nas noites de grandes jogos de futebol, e ainda mais por ocasião de grandes vitórias, o Luxemburgo vibra com as cores vermelho e verde”, assumiu o Grão-Duque.
Tal como Xavier Bettel, também o soberano destacou que a contribuição dos portugueses "para o desenvolvimento do Luxemburgo é incomparável”.
“Devemos muito à comunidade portuguesa. Sem ela, o Luxemburgo não seria o que é hoje", frisou. Mas, o Grão-Duque também aprecia a gastronomia lusa, particularmente as “sardinhas e o leitão”, iguarias com que se delicia nas visitas oficiais ao C.A.S.A, como já contou o seu presidente José Trindade ao Contacto. Por seu turno, a grã-duquesa Maria Teresa é fã dos “pastéis de bacalhau”.
Se me servirem bacalhau não tenho a impressão de estar em Portugal, mas no Luxemburgo
Bacalhau, o prato da ministra
Outro dos exemplos da integração dos portugueses no Grão-Ducado foi dado pela ministra da Família e da Integração, Corinne Cahen. “Se me servirem bacalhau, não tenho a impressão de estar em Portugal, mas no Luxemburgo, porque também faz parte das minhas tradições. Eu não vou a Fátima, mas já faz parte das tradições no Luxemburgo: é como a Schueberfouer, é uma tradição de todos nós”, declarou a governante.
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Quer a nível demográfico como social, o Luxemburgo “lusificou-se”, disse Aline Schiltz. Os portugueses foram instalando-se de norte a sul, construindo uma “presença nacional” promovendo a cultura lusitana. A comunidade portuguesa conquistou o povo deste país de acolhimento.