Como é possível Xavier Bettel estar hospitalizado se já tomou uma dose da vacina?
Por causa da vacina Astrazeneca que é "menos eficaz" e da variante delta, explica Thérèse Staub, diretora do Serviço Nacional de Doenças Infeciosas do CHL, em vídeo, ao Luxemburger Wort. Veja com atenção.
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O primeiro-ministro do Luxemburgo, de 48 anos, “uma pessoa jovem e saudável” e já com a primeira dose da vacina Astrazeneca tomada, ficou infetado com covid-19 e está internado. O seu estado é “grave, mas estável” foi ontem noticiado. A falta de ar é o principal sintoma de Xavier Bettel que irá ficar no hospital ao que tudo indica até amanhã, quarta-feira, ou dia seguinte.
A questão tem sido colocada. Como é que o primeiro-ministro que já iniciou o processo de vacinação acaba hospitalizado devido à infeção pela covid-19?
“O primeiro-ministro só tem ainda uma dose da Astrazeneca, e a Astrazeneca é menos eficaz contra as variantes”, do vírus original do SARS CoV-2, começa por explicar a médica Thérèse Staub, diretora do Serviço Nacional de Doenças Infeciosas do Centre Hospitalier (CHL), num video realizado pelo Luxemburger Wort.
A especialista dá como exemplo o caso da Grã-Bretanha onde a campanha de vacinação foi realizada com a vacina da Astrazeneca. “Grande parte da população tem uma dose e que tem de esperar muito tempo pela toma da segunda dose”, são oito semanas, mais tempo entre as duas doses do que o recomendado pelas restantes marcas de vacinas contra a covid no mercado.
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No caso da Astrazeneca, só com as duas doses se consegue uma maior proteção, diz Thérèse Staub. Muito em particular com “a variante delta”, onde é mesmo necessário levar as duas doses para se proteger contra esta mutação do novo coronavírus. “A eficácia desta vacina com apenas uma dose é inferior”, em relação a todas as mutações do novo coronavírus, vinca. Com as "variantes históricas a proteção é de 50%, com uma dose, mas em relação à variante delta é de 30%”, sublinha esta responsável do CHL.
Vacinar para se proteger
A hospitalização do primeiro-ministro vem alertar para a possibilidade real da covid-19 poder desenvolver-se de “forma grave nas pessoas mais jovens”, diz Thérèse Staub. “Bettel é uma pessoa conhecida, apreciada pela população, uma pessoa jovem, saudável”, diz.
“A única forma das pessoas se protegerem é a vacinação”, frisa esta médica realçando que não se pode ignorar a propagação da variante delta e da delta plus. “Esta variante está já muito presente no Luxemburgo, é dos países onde há mais” casos de variante delta, e não sabemos ainda quando deixará de haver.
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A médica lembra que o Laboratório Nacional de Saúde do Luxemburgo realiza semanalmente a sequenciação das amostras do novo coronavírus, indicando as variantes do SARS-CoV-2 em circulação no país. Na semana passada, a presença da variante delta atingia já quase os 60%”, salienta Thérèse Staub, sendo claramente a variante dominante.