Cada vez mais portugueses escolhem ser sepultados no Luxemburgo
Não é uma pergunta que se faça todos os dias. “Onde preferia ser sepultado ou cremado?”. A resposta faz parte de uma análise do CEFIS e pode ser “um indicador essencial do apego dos imigrantes” ao Luxemburgo ou ao país natal.
© Créditos: Ilustração: Florin Balaban
Não é uma pergunta que se faça todos os dias. "Onde preferia ser sepultado ou cremado?". A resposta faz parte de uma análise do Centro de Estudos e de Formação Intercultural e Social (CEFIS), divulgada na quarta-feira, e pode ser "um indicador essencial do apego dos imigrantes" ao Luxemburgo ou ao país natal.
O estudo "Envelhecimento dos migrantes: partir, ficar, envelhecer no Luxemburgo" analisou vários indicadores da ligação ao Grão-Ducado dos imigrantes, incluindo portugueses, cabo-verdianos, italianos, franceses, belgas e da ex-Jugoslávia. Para os cidadãos de países da União Europeia, a tendência é a mesma: a maioria preferia ser sepultada no Grão-Ducado.
Esse é também o caso dos portugueses questionados: 38,4% querem ser enterrados no Luxemburgo, contra apenas 22,1% em Portugal. A percentagem de indecisos ronda os 40%, tal como para os restantes imigrantes da UE, "mostrando a dificuldade que os europeus têm em se debruçar sobre estas questões", sublinham os investigadores. Mas o elevado número de indecisos também põe em causa "a fiabilidade das projeções estatísticas", alerta o CEFIS. Trocado em miúdos, não se pode extrapolar os resultados do inquérito para a realidade.
Os responsáveis das agências funerárias ouvidos pelo Contacto contrariam os dados da sondagem: a maioria dos portugueses continua a escolher Portugal como a última morada. Mas a tendência começa a mudar. Para as famílias que têm filhos e netos no Grão-Ducado, o pêndulo começa a inclinar-se para os funerais no país de acolhimento.
Aviões continuam a transportar corpos de muitos portugueses
Pedro Almas está à frente da agência funerária Pompes Funèbres Portugaises International, criada há três anos em Esch, e já perdeu a conta às piadas que ouviu ao seu nome. "Já me perguntaram se era um pseudónimo para fazer marketing", conta ao Contacto. O proprietário da agência funerária garante que a maioria dos portugueses continua a preferir ser enterrada em Portugal, mas diz que as coisas estão a mudar. "Em três anos, foi o ano em que fiz mais funerais de portugueses no Luxemburgo", 11 no total. "Ainda esta semana fiz o funeral de uma pessoa de 57 anos aqui no Luxemburgo", conta. (...)
Paula Telo Alves
Leia o artigo na íntegra na edição do Contacto desta semana.