As primeiras 76 crianças da Ucrânia começam a ir à escola no Luxemburgo
Esta semana várias escolas do ensino fundamental vão receber os primeiros alunos que fugiram da guerra na Ucrânia. A falta de professores para lecionar as novas classes para 900 crianças refugiadas obrigou à criação de uma nova proposta de lei para contratar docentes.
Refugiados ucranianos a embarcar num autocarro em direção à capital polaca, Varsóvia. © Créditos: Angelos Tzortzinis/AFP
(Com Maria Monteiro)
Das cerca de 1500 crianças ucranianas em idade escolar que já terão chegado ao Luxemburgo fugindo da guerra no seu país, 76 começam já a frequentar as aulas nas escolas do Grão-Ducado, esta semana, anunciou ao Contacto o Ministério da Educação.
Todos eles “são estudantes do ensino fundamental” e estão a ser matriculados em diversas escolas, “a grande maioria em escolas públicas internacionais, e outros em escolas locais do ensino fundamental”, precisou o ministério.
Até esta terça-feira estão contabilizadas 900 crianças refugiadas da Ucrânia em idade escolar no Luxemburgo. Contudo, as estimativas apontam para que no sejam já 1.500 os menores em idade escolar no país, só que nem todos estarão declarados junto das autoridades.
O Ministro da Educação, Claude Meisch, desejou as boas-vindas a estes alunos ucranianos, que chegaram ao Luxemburgo em condições tão especiais e difíceis.
Numa mensagem exclusiva para o Contacto o ministro afirma estar “consciente do contexto extremamente difícil e do sofrimento que enfrentam” estas crianças e adolescentes e sublinha “o empenho da escola luxemburguesa em apoiá-los e em ajudá-los a aproveitar bem o seu tempo na escola luxemburguesa, para que possam continuar a aprender e a progredir no seu curso”.
Numa primeira fase estas crianças e adolescentes serão recebidas sobretudo em seis escolas publicas internacionais que estão a criar classes especiais para estes estudantes. Mas não só. Os alunos refugiados também podem frequentar as outras escolas e liceus do país, nomeadamente da sua área de residência, se assim for necessário, anunciou na semana passada o Ministério da Educação aquando da divulgação do plano de organização escolar para as crianças refugiadas e informações necessárias para a sua inscrição escolar.
O ministério anunciou também a contratação extra de docentes para lecionar estas novas classes, sobretudo professores de inglês, mas mediadores interculturais ucranianos para apoiar os alunos refugiados nas aulas.
As escolas de acolhimento das crianças ucranianas. © Créditos: Ministère de l'Education nationale, de l'Enfance et de la Jeunesse
Contratação de mais professores vai a votos
O problema é que há falta de professores para fazer face à chegada destas centenas de crianças refugiadas nas escolas do país. Nesse sentido, o Governo vai votar uma nova proposta de lei para contratar mais professores na sessão parlamentar de quinta-feira.
A moção foi discutida numa reunião à porta fechada da Comissão de Educação e prevê a flexibilização das condições de acesso à profissão para permitir recrutar pessoal suficiente. Por um lado, já não serão requeridos cinco anos de experiência profissional. Por outro, continuam a ter de apresentar o nível B2 numa das três línguas oficiais do país e a ter de comprovar a experiência prévia no ensino.
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Depois de contratados, estes professores serão integrados no grupo de substitutos e colocados nas escolas internacionais ou das comunas, quer no ensino fundamental, quer no secundário.
Além de docentes, a proposta pressupõe o recrutamento de 80 mediadores interculturais ucranianos, cuja função será facilitar a integração das crianças e jovens refugiados. Estas alterações ao regime de recrutamento deverão entrar em vigor até 31 de dezembro.
A par com a falta de recursos humanos, há vários problemas logísticos que permanecem por resolver, como a necessidade de encontrar espaço nas escolas das comunas para acomodar novas salas de aula.