A luxemburguesa que vai salvar animais à Ucrânia e trazê-los para o Grão-Ducado
Jennifer Pauwels vai às fronteiras da Ucrânia resgatar 34 gatos abandonados na guerra e trazê-los para o Luxemburgo. Consigo leva três camiões de medicamentos e alimentos para os animais ucranianos nos abrigos da Roménia e Polónia.
Jennifer Pauwels no seu abrigo de animais em Shifflange. © Créditos: Marc Wilwert / Luxemburger Wort
No seu abrigo de animais em Shifflange, Jennifer Pauwels já recebeu onze gatos da Ucrânia, animais abandonados pelos donos durante a fuga da guerra e que se encontravam num refúgio que foi bombardeado. “Um voluntário trouxe-os para o Luxemburgo e deixou-os no nosso centro”, conta esta luxemburguesa que se prepara para ir salvar animais da guerra.
Na próxima segunda-feira, dia 4, esta luxemburguesa vai ela própria buscar 34 gatos e dois cachorros ucranianos a um abrigo de animais na cidade romena Suceava, a 30 quilómetros da Ucrânia, para os trazer para o Luxemburgo para serem adotados por novas famílias.
Nesta viagem de ida não vai sozinha. Consigo vão três carrinhas com “15 mil quilos de medicamentos e alimentos recolhidos no Grão-Ducado para entregar no abrigo Save By The Vet, em Suceava, que está a acolher os animais ucranianos abandonados pelos donos na fuga da guerra”.
Jennifer Pauwels brincando com gatos no abrigo em Shifflange. © Créditos: Marc Wilwert / Luxemburger Wort
Muitas famílias ucranianas que deixam o país, tentam numa primeira fase levar consigo os seus animais de estimação, mas depois de passarem a fronteira percebem que será muito difícil viajar com eles ou serem acolhidos com os animais. “Sem alternativa vão deixá-los aos abrigos criados nas fronteiras da Roménia ou Polónia”, conta ao Contacto Jennifer Pauwels.
Por isso, depois da Roménia, esta luxemburguesa segue viagem até à Polónia. “Aí vou atravessar a fronteira e entrar na Ucrânia, em Uzhhorod, para visitar um abrigo de animais abandonados e dar o apoio possível”. São já milhares os animais ucranianos que têm sido salvos pelos voluntários dos abrigos. “Alguns chegam feridos pelos bombardeamentos, todos assustados e traumatizados pelo abandono e pela guerra”, diz Jennifer Pauwels.
Os preparativos para poder viajar com os 34 gatos e dois cachorros são demorados. “Os animais têm de ter passaporte europeu e caderneta de vacinas atualizadas e eu tenho uma autorização para viajar com eles. Tudo é feito dentro da legalidade e cumprindo todos os requisitos exigidos”, explica.
Uma nova família no Luxemburgo
No Grão-Ducado, estes animais terão a oportunidade de serem adotados por novas famílias e voltarem a ser amados. Bichos que “precisam de todo o apoio e carinho”, vinca. Jennifer Pauwels não tem dúvidas que não vão faltar novos donos. “Já tenho clientes que me dizem que querem adotar um destes animais”, conta realçando que entre os seus clientes “há muitos portugueses”, por isso, não é de estranhar que um destes gatos ou cachorros vá ser feliz numa casa portuguesa no Luxemburgo.
Aliás, a luxemburguesa já está a servir de intermediária para a viagem de outros gatos ucranianos que irão ser adotados por famílias ucranianas em Portugal.
Três dos gatos acolhidos por Jennifer Pauwels. © Créditos: Marc Wilwert / Luxemburger Wort
Jennifer Pauwels vinca que não é nada fácil para os donos fugidos da guerra deixarem os seus animais. Recentemente, uma refugiada ucraniana no Luxemburgo chegou ao seu abrigo em Shifflange para deixar o seu gato. “Estava em lágrimas, mas quis deixá-lo connosco porque não o podia ter no local de acolhimento. Para esta senhora o seu gato era a coisa mais importante da vida e foi um momento muito emotivo e a mim restou-lhe abraçá-la, dar-lhe um pouco de conforto. Agora, o seu animal já foi adotado e tem uma nova família no Luxemburgo”.
Dos onze gatos deixados no seu abrigo por um luxemburguês que os trouxe da fronteira na Ucrânia, “seis também já foram adotados”.
Quando chegam ao abrigo todos estes animais são vistos pelo veterinário. E todos precisam de amor. “Não importa que eles não compreendam os nossos idiomas, o carinho e apoio demonstramos com gestos e eles acostumam-se aos novos nomes rapidamente. Mas, é mais fácil para os gatos do que para os cães”, explica.
Da Ucrânia, vão chegar mais dois cachorros. © Créditos: Marc Wilwert
Jennifer Pauwels tem tido sempre a preocupação de batizar os bichos recém-chegados com nomes simbólicos. E dá exemplos: “Dois têm os nomes dos veterinários que os viram pela primeira vez no Luxemburgo e outro foi batizado com o nome do voluntário que o trouxe na viagem até cá”.
Já faz mais de um mês que a Ucrânia foi invadida pela Rússia e “infelizmente ainda vai continuar”. Mais refugiados irão fugir e mais animais de estimação serão abandonados ou deixados nos abrigos para serem salvos.
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“Se cada um de nós poder contribuir com uma gota de apoio, mil gotas já representam muito para estes animais”, realça. “O mais importante é salvar estes animais, encontrar novas famílias para os acolher porque os bichos também sofrem como os humanos”, lembra Jennifer Pauwels.
Esta é a sua primeira missão de resgate dos cães e gatos em sofrimento, e se for necessário, a luxemburguesa quer voltar às fronteiras para salvar mais animais.