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80% das empresas portuguesas não respondem a propostas - agência de apoio da NATO

Oitenta por cento das empresas portuguesas convidadas este ano para apresentar propostas de fornecimento para a agência de apoio da NATO (NSPA) não deram qualquer resposta, segundo dados divulgados hoje durante a visita do ministro da Defesa ao "Dia da Indústria Portuguesa", no Luxemburgo.

O ministro Aguiar-Branco acompanhou 33 empresas ao Luxemburgo para o "Dia da Indústria Portuguesa"

O ministro Aguiar-Branco acompanhou 33 empresas ao Luxemburgo para o "Dia da Indústria Portuguesa" © Créditos: Paula Telo Alves

Para o ministro da Defesa, José Pedro Aguiar-Branco, que participava numa mostra no Luxemburgo com 33 empresas portuguesas de vários sectores, organizada a convite da NSPA, a ausência de resposta "causa um dano individual às empresas e um dano colectivo para a imagem da indústria do país".

Segundo dados da organização, nos quatro primeiros meses deste ano a agência fez 224 convites a empresas portuguesas para participarem em concursos de fornecimento de material e 201 para fornecimento de serviços, mas em mais de 80 por cento dos casos as empresas não deram qualquer resposta.

"Temos de mostrar que a nossa capacidade de resposta é superior ao que está a acontecer", disse o ministro, para quem o objectivo da mostra é "melhorar os canais de comunicação" entre a NSPA e as empresas registadas na base de dados da organização, além de estimular novas empresas a fornecer a agência.

A NSPA fornece apoio logístico e equipamento às operações da NATO em áreas que não se limitam ao armamento, e incluem sectores tão diversos como o 'catering', transportes, construção, têxteis, calçado e mesmo o lazer.

Em 2012, a agência comprou equipamento e serviços a empresas portuguesas no valor de um milhão e 440 mil euros, o que representa apenas 11% do que Portugal gastou na organização no mesmo período (12,55 milhões de euros), segundo dados da NSPA.

"Espero que depois deste encontro as empresas portuguesas 'bombardeiem' a agência com propostas", apelou o ministro.

Entre as empresas que participaram hoje no "Dia da Indústria Portuguesa" em Capellen, no Luxemburgo, algumas não tinham pensado em fornecer o sector militar até terem sido convidadas para o evento – caso da Mistolin, uma empresa de detergentes domésticos e industriais do Norte do país que já exporta 40 por cento dos seus produtos e é líder do mercado em Cabo Verde.

A empresa pretende registar-se na base de dados de fornecedores da NSPA, um passo necessário para aceder aos concursos e receber propostas da agência. "Temos centenas de fórmulas que podem ser testadas e adaptadas para vários usos, como desengordurantes de motores de avião, por exemplo", explicou o responsável do mercado francês da Mistolin, José Manuel Ribeiro.

Nos stands do "Dia da Indústria Portuguesa" na sede da NSPA, no Luxemburgo, estiveram representadas empresas tão diversas como a Citeve, que fornece vestuário com regulação térmica para a Agência Europeia da Defesa, a ICC Lavoro, que vende calçado para a Polícia angolana, a Introsys, que levou um protótipo de robot, ou mesmo empresas de áreas tão inesperadas como a joalharia.

"Trouxemos anéis e botões de punho com o símbolo da NATO que produzimos para esta ocasião, o tipo de lembranças à venda nas lojas da NATO, mas podemos fazer também medalhas e placas comemorativas", explicou José Anjos, da empresa Lundajóia.

Paula Telo Alves (Lusa)

Os botões de punho, anéis e salvas com símbolo da NATO, fabricados de propósito pela empresa portuguesa Lundajóia  

Os botões de punho, anéis e salvas com símbolo da NATO, fabricados de propósito pela empresa portuguesa Lundajóia