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Bancos lucram com a crise na habitação

Os bancos no Luxemburgo estão a beneficiar do aumento da taxa de juro fixa - apesar da queda na procura de crédito.

© Créditos: Luxemburger Wort

Após uma década de taxas de juro baixas, os bancos centrais aumentaram as suas taxas de juro fixas para conter a procura (de crédito) e abrandar a inflação. Medida que está a ter impacto no crédito à habitação.

As elevadas taxas de juro estão a pesar sobre a procura de crédito e as transações imobiliárias, que caíram 14% em relação ao ano anterior. Mas o aumento dos preços dos imóveis no Luxemburgo caiu para 11%, numa base anual, no terceiro trimestre, um desenvolvimento "que se espera que continue a acentuar-se nos trimestres seguintes", afirmou o instituto de estatística.

As previsões do Statec para a evolução dos preços do imobiliário em 2023 foram revistas em baixa: para -2,3%, numa base anual, após um aumento de 14% em 2021. Ainda em dezembro, o mesmo organismo previa um aumento de 0,8% nos preços dos imóveis este ano.

E os bancos luxemburgueses estão a beneficiar desta conjuntura. "Espera-se que a margem de juro total tenha aumentado 37% em 2022 e 26% em 2023", escreve o Instituto Nacional de Estatística (Statec), numa análise publicada na sexta-feira.

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A taxa principal de refinanciamento, segundo a qual o Banco Central Europeu (BCE) empresta dinheiro aos bancos, subiu para 3%, e a taxa marginal de empréstimo para 3,25%, o seu nível mais elevado desde 2008.

A taxa de juro que remunera depósitos e reservas excedentárias subiu de -0,5% para 2,5%. Assim, se os bancos tiveram de pagar juros sobre parte dos seus depósitos excedentários no banco central desde junho de 2014, desde setembro têm vindo a receber juros sobre estes depósitos e ainda mais sobre as suas reservas obrigatórias, o que constitui uma fonte direta de receitas de juros.

Procura de crédito diminuiu significativamente

No final de 2022, foram concedidos novos empréstimos a empresas no Luxemburgo a taxas de juro médias de 2,8% (+1,7 pontos percentuais numa base anual). As taxas de juro médias para novos créditos ao consumo foram de 4,1% (+1,5 pontos percentuais), enquanto que para empréstimos imobiliários as taxas de juro variáveis foram em média de 2,6% (+1,2 pontos percentuais) e as taxas de juro fixas de 3,5% (+2,1 pontos percentuais).

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"A taxa de juro média sobre hipotecas pendentes está a ajustar-se um pouco mais lentamente", explica o Statec, "uma vez que os bancos concederam mais créditos imobiliários à taxa fixa entre 2015 e 2021". O seu valor estava nos 2% em dezembro.

Segundo o último Inquérito do Bank Credit Survey, realizado em janeiro entre 151 bancos da zona euro, incluindo sete no Luxemburgo, a procura de crédito por parte das empresas e das famílias diminuiu acentuadamente em 2022 e espera-se que continue a diminuir no primeiro trimestre de 2023.

Lucros dos bancos luxemburgueses subiram 21%

Todos os bancos inquiridos no Luxemburgo reportaram um declínio na procura de créditos imobiliários no último trimestre de 2022.

O total de novas hipotecas a taxa fixa concedidas pelos bancos no Luxemburgo diminuiu 40% em termos homólogos no quarto trimestre de 2022, e o crédito às empresas diminuiu 23%.

Mas o lucro do setor bancário luxemburguês antes de provisões e impostos aumentou 21% em relação a 2021.

(Artigo originalmente publicado no Luxemburger Wort e adaptado para o Contacto por Maria Monteiro.)