Preços a descer. Saiba onde estão as casas mais baratas no Luxemburgo
Pela primeira vez em 15 anos, os preços das casas estão a cair a pique no país. Tudo por causa do aumento das taxas de juro. Se tiver direito ao crédito este é um bom momento para realizar o sonho de comprar casa.
© Créditos: Marc Wilwert/Luxemburger Wort
Desde a crise de 2008 que o mercado do imobiliário no Luxemburgo não conhecia preços tão baixos. Desde há anos que os preços loucos da habitação são dos mais elevados da Europa e constituem a maior das preocupações dos residentes do Grão-Ducado. De 2010 ao final de 2022, o imobiliário aumentou 140% no país, segundo um estudo do Eurostat, sendo o terceiro país da UE onde os preços mais subiram, a seguir à Estónia (199%) e à Hungria (174%), isto quando a média dos estados membros foi de apenas 49%.
Agora, pela primeira vez, em mais de uma década, a curva inverteu-se e as casas ficaram mais baratas no Luxemburgo no primeiro trimestre de 2023.
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A nível nacional, as casas custam menos 5,1%, sendo a maior descida observada no imobiliário novo (-7,4%), enquanto o antigo baixou menos (-3,9%) no primeiro trimestre deste ano, indica um estudo do portal imobiliário atHomme.lu. Há um ano atrás, o cenário era totalmente distinto, tendo havido um aumento de 10% no preço de venda da habitação. Mas, atenção, pois todos estes indicadores referem-se aos valores publicitados nos anúncios na atHomme.lu, quando na realidade, os preços da venda final costumam ser inferiores.
Quais são as zonas mais baratas do Luxemburgo para comprar casa?
A região este (-6,8%), em Echternach, por exemplo, e o centro (-5,8%), onde se situa o cantão do Luxemburgo, foram as zonas com maiores descidas de preços, sendo a diminuição mais moderada a oeste (-5,1%), como no cantão de Redange, e a sul (-2,7%), em Esch-sur-Alzette. A exceção vem do norte, como em Clervaux, onde as moradias contrariam o recuo dos preços em todo o país e aumentaram 10,2%, colocando a média da região na positiva.
Além das regiões este e centro, as casas mais baratas encontram-se também nas zonas com menor descida.
Para quem pensa que no Luxemburgo já não se consegue encontrar uma casa por menos de um milhão de euros, o estudo da atHomme.lu vem desfazer essa perceção. O sul é a zona com casas mais baratas, a rondar os 750 mil euros, em média. Aqui, os apartamentos desceram 2,2% e as moradias 3,6%. Segue-se a zona norte, onde apesar de não ter baixado os preços, na média, estes mantêm-se entre os mais acessíveis, com casas a custar 767.211 euros. E se os apartamentos custam menos 4,3%, já as moradias aumentaram 10,2%, a única subida do país. Segue-se a região este, onde o preço oferecido por uma casa está agora nos 908.802 euros, em média, com os apartamentos a baixar 7% e as moradias 6,5%.
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No centro e sul, os valores já ultrapassam o milhão de euros. O centro é a região mais cara do país, onde um imóvel ronda os 1.042.069 euros (os apartamentos desceram 4,9% e as moradias 9%), já a oeste, as casas custam 1.000.444 euros (os apartamentos custam menos 1,4% e as moradias menos 9,8%).
Grande reviravolta
A que se deve esta reviravolta? Ao aumento das taxas de juro. Desde o primeiro trimestre de 2022 que os aumentos têm vindo sucessivamente a decrescer até que ficaram mesmo mais baratos, um ano depois.
“A queda dos preços era de facto previsível: os compradores perderam quase um terço do seu poder de compra no decurso de 2022, devido ao aumento das taxas de juro. Há, portanto, menos compradores. Os proprietários que querem vender são forçados a baixar os seus preços face a esta nova realidade”, explica ao Contacto Yacine Sahnoune da atHomme.lu.
A exceção da região norte, onde o aumento de preços continua também é justificável. “Para o Norte, pode assumir-se que, uma vez que os preços eram muito baixos em comparação com a média nacional, estima-se que um processo de recuperação irá continuar”, declarou esta especialista.
As taxas de juro continuam a subir, o que por um lado, adia o sonho de muitos residentes de pedir empréstimo ao banco para compra da casa, pois temem as prestações cada vez mais elevadas e incomportáveis para o seu rendimento familiar, e por outro, tornam mais difícil o acesso ao crédito bancário devido à elevada exigência dos bancos.
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Contudo, se for um cliente solvente, se não tiver dívidas e o seu rendimento comportar o empréstimo e as prestações mensais, esta é uma boa altura para comprar casa no Luxemburgo.
A taxa de juro variável de crédito à habitação subiu de novo e fixou-se nos 3,53%, quando em janeiro era de 3,51%, noticiou o Banco Central do Luxemburgo (BCL), na semana passada. Já a taxa fixa passou dos 3,58% em janeiro para os 3,77% em fevereiro. Também o volume de novos empréstimos bancários para habitação tem vindo sucessivamente a diminuir. Em fevereiro, diminuiu 24 milhões de euros em relação a janeiro, passando de 217 milhões de euros para 193 milhões no mês passado, indicou o BCL.
Para quem pode comprar casa esta é uma boa oportunidade, mas quem não pode, e esta é a maioria, está a voltar-se para o arrendamento. Devido ao grande aumento da procura, os preços das rendas estão a subir em flecha no Luxemburgo, mais 8,7%, a nível nacional, no primeiro trimestre deste ano, revela a atHomme.lu.