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Literacia financeira

"Muitos jovens luxemburgueses são irresponsáveis com a mesada"

A ABBL defende que as finanças devem ser uma componente obrigatória do currículo escolar do Grão-Ducado.

© Créditos: Pierre Matgé

Fonte: Redação

Mais de metade dos jovens (60%) com idades compreendidas entre os 15 e os 24 anos consideram que não existe informação suficiente sobre literacia financeira no Luxemburgo, de acordo com uma sondagem recente da Fundação ABBL para a Literacia Financeira.

O organismo fez recentemente o ponto de situação sobre o tema no Grão-Ducado, em colaboração com a Comissão de Supervisão do Setor Financeiro (CSSF).

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A perspetiva de Paul Wilwetz, porta-voz da ABBL, vai de encontro à da maioria dos jovens. "Na escola, aprendi coisas como biologia ou química, de que nunca precisei na vida. Mas não aprendemos a gerir o dinheiro que levantamos. É importante saber o que devemos ter em atenção quando pagamos a renda ou fazemos um seguro", justifica, citado pelo Luxemburger Wort.

Um outro estudo, realizado pela ABBL em dezembro de 2022, mostrou que o Luxemburgo está 10 pontos abaixo da média dos países da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) no que respeita à literacia financeira e à atitude face às questões financeiras entre os menores de 30 anos. Uma posição que se explica parcialmente com a "situação económica favorável dos luxemburgueses".

"Muitos jovens luxemburgueses são extremamente irresponsáveis com a sua mesada", atiram Jessica Thyrion e Catherine Bourin, da fundação ABBL. "Muitos pensam que as suas possibilidades financeiras são ilimitadas."

"Planear o futuro enquanto cidadãos responsáveis"

Paul Wilwertz acredita que a literacia financeira deveria ser inserida no currículo escolar do Luxemburgo. Mas, segundo o Wort, o Ministério da Educação não vê os conteúdos programáticos como insuficientes, uma vez que os livros de matemática do ensino fundamental já abordam a gestão responsável do dinheiro.

Por outro lado, justificam, a atenção dada a este tema não se esgota no currículo fixo. Há algumas ações organizadas durante todo o percurso educativo, da 'maison relais' ao ensino secundário com a cooperação de entidades como Ministério das Finanças, CSSF, Comité para a Proteção do Consumidor, Serviço de Aconselhamento em Matéria de Endividamento e a organização sem fins lucrativos Jonk Entrepreneuren.

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O objetivo é "introduzir a geração mais jovem a uma gestão financeira sólida, para que possa planear o seu futuro enquanto cidadãos responsáveis e não cair na armadilha do sobreendividamento".

Na sexta-feira passada a CSSF apresentou a mais recente versão da sua estratégia nacional para a educação financeira, que inclui temas como o cibercrime, as criptomoedas, a preparação para a reforma e o investimento sustentável.

O plano inclui projetos de literacia financeira para jovens e idosos e abordam desde os riscos e oportunidades da gestão de dinheiro até ao planeamento financeiro no contexto do empreendedorismo.

Em breve, a Fundação ABBL planeia disponibilizar ainda a aplicação "Money Odyssey", um jogo que descodifica o mundo das finanças, ao público em geral, em várias línguas.