Metz reclama 200 milhões de euros ao Luxemburgo por trabalhadores transfronteiriços
"Metropolização" do Luxemburgo faz com que municípios franceses e alemães que acolhem residentes que trabalham no Grão-Ducado reivindiquem compensações que já são atribuídas a algumas localidades belgas.
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O presidente da câmara municipal de Metz, Dominique Gros, quer uma compensação fiscal do Luxemburgo, cerca de 200 milhões de euros anuais (aproximadamente de 2.000 euros por cada trabalhador transfronteiriço), que trabalhe no Grão-Ducado e resida na cidade.
Segundo a RTL, há vários meses os municípios de Metz, Trier e Bitburg têm vindo a pedir uma compensação ao Luxemburgo para fazer face ao número crescente de residentes transfronteiriços nas suas cidades.
Estes municípios pretendem beneficiar das mesmas vantagens que os municípios belgas que já usufruem de uma compensação anual de 30 milhões de euros. No caso de Arlon, exemplifica a RTL, essa compensação representa 14% do orçamento municipal.
Esta quinta-feira, em entrevista a Rádio 100.7, Dominique Gros, afirmou que a compensação devida do Luxemburgo a Metz se situará na ordem dos 200 milhões de euros anuais. Só para a região norte da Lorena, a quantia que o Grão- Ducado teria de pagar por cada trabalhador transfronteiriço seria de 2.000 euros, o correspondente a 10% do que estes pagam no Luxemburgo, em impostos e outras contribuições.
Regiões fronteiriças suportam metade da população
O autarca de Metz justifica essa compensação, argumentando que metade da população do Luxemburgo é suportada pelas regiões limítrofes do país, defendendo a necessidade de uma distribuição fiscal reflita a organização da demografia do território metropolitano.
Embora admita que todos beneficiam da boa economia do Luxemburgo, Gros contrapõe com o facto de o Grão-Ducado beneficiar de trabalhadores qualificados, sem os formar ou sem subsídios de desemprego - neste aspeto poderá haver mudanças em breve, já que a União Europeia está a estudar uma reforma legal que permita compensar os desempregados no país em que trabalham e não no país de residência, o que terá impacto nas contas do Luxemburgo.
O autarca lembrou ainda que muitos trabalhadores transfronteiriços esperam depois que os seus locais de residência prestem serviços correspondentes ao nível de vida mais elevado proporcionado pelos seus salários luxemburgueses, apesar de não colherem os mesmos proveitos em impostos.
O autarca sublinha ainda que a reivindicação torna-se especialmente necessária, quando há municípios fronteiriços que perderam 80% da mão-de-obra para o Grão-Ducado.
Com 105.000 trabalhadores a deslocarem-se da Lorena para o Luxemburgo, um número que deverá aumentar para 110.000 até ao final de 2020, refere a RTL, Gros frisa que esta é a altura para proceder a uma "distribuição justa" da riqueza gerada.
AT