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Crise

Construção. Grupo Willemen abandona o Grão-Ducado

“Realizámos grandes projetos no Luxemburgo, mas os nossos negócios [no país] já não estão alinhados com a nossa visão estratégica”, disse Marc Jonckheere, CEO do Willemen Groep.

© Créditos: Getty Images

Simon Laurent MARTIN

O setor da construção no Luxemburgo vive uma verdadeira crise. Entre as múltiplas habitações sociais que se esperam, os aumentos dos preços das matérias primas, a queda acentuada de autorizações para construir e a falta de trabalhadores, estão reunidas as condições para a "tempestade perfeita". Como consequência desta junção de fatores, o número de falências está a explodir neste ramo de atividade.

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Os números são claros: as falências de construtoras mais que duplicaram no primeiro trimestre de 2023 em relação ao mesmo período de 2022. Outras empresas optaram por vender o negócio, como é o caso do grupo belga Willemen, que opera no Grão-Ducado desde 2016.

As atividades de construção foram vendidas ao grupo francês Léon Grosse, um verdadeiro gigante da indústria da construção, que pretende desenvolver-se além das fronteiras de França.

Para explicar esta venda, o Willemen Groep vai direto ao assunto: “Realizámos grandes projetos no Luxemburgo, mas os nossos negócios [no país] já não estão alinhados com a nossa visão estratégica”, disse Marc Jonckheere, CEO da empresa, através de um comunicado à imprensa.

“O mercado de Luxemburgo mudou significativamente nos últimos anos e descobrimos que não conseguimos obter as sinergias esperadas. Portanto, decidimos vender as subsidiárias no Luxemburgo e estamos felizes por termos encontrado compradores adequados. Vamos usar o tempo e os recursos libertados [com a venda] para fortalecer o negócio na Bélgica”.

Empresa construiu a sede europeia do Banco da China na capital

O grupo Willemen é responsável por cerca de vinte projetos no Luxemburgo, sendo o mais conhecido a sede europeia do Banco da China na capital luxemburguesa e uma das maiores concessões da BMW no Benelux.

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“As duas sucursais atingem em conjunto um volume de negócios de 40 milhões de euros e o número de colaboradores ascende a 120. Através desta operação, o Willemen retira-se integralmente do nosso país vizinho”, recorda o grupo no comunicado de imprensa.

A Willemen Construction chama-se agora LG Lux Construction. “Léon Grosse, cuja direção-geral está sediada em Versalhes, é uma empresa comparável à nossa. Atinge um volume de negócios de cerca de 800 milhões de euros, conta com uma força de trabalho de mais de 2.000 colaboradores e investe como nós na construção sustentável e na inovação.

"Com esta aquisição”, ancora ainda mais a sua presença no Luxemburgo “graças à compra do fabricante de fachadas Kyotec. Foi construída uma base a partir da qual os novos proprietários podem continuar [a atividade]”, garante Marc Jonckheere.

*Artigo originalmente publicado no Virgule e editado para o Contacto por Paula Freitas Ferreira.