França autoriza utilização de óleos usados como combustível
No país, este tipo de utilização para o óleo alimentar usado era proibido por não se tratar de um combustível aprovado.
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Os deputados franceses aprovaram a utilização de óleo alimentares usado como combustível na primeira versão do projeto de lei sobre o poder de compra, que foi votada esta quinta-feira.
Esta autorização resulta de uma emenda apresentada pelo deputado Julien Bayou, do partido EELV (Europa Ecologia - Os Verdes) , que tinha recebido o parecer favorável do governo.
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De acordo com os argumentos apresentados pelo deputado ecologista, 10 litros de óleo usado que sejam corretamente reprocessados podem dar 8 litros de combustível, o que emite até 90% menos gases com efeito de estufa do que um gasóleo convencional.
"É ilegal em França, mas generalizado na Europa e nas nossas regiões, mas de forma clandestina", disse Julien Bayou na assembleia, salientando o interesse desse tipo de combustível para o clima, mas também para o poder de compra. "É um elemento de independência energética", acrescentou.
"É melhor depender das batatas fritas do Norte do que do petróleo das monarquias petrolíferas". "Em França, não temos petróleo mas temos óleo para fritar", ironizou.
Atualmente, este tipo de utilização para o óleo usado era proibido por não se tratar de um combustível aprovado.
Medidas polémicas
A lei de "emergência" do poder de compra votada ontem à noite visa mitigar os efeitos da inflação e da crise energética.
Entre as medidas para combater a escassez de energia, na sequência da política europeia adotada face à Rússia depois desta ter invadido a Ucrânia, estão a retoma de atividade da central elétrica a carvão em Saint-Avold, que gerou críticas por parte de vários partidos, incluindo os Verdes, devido ao impacto ao "regresso ao carvão" e ao seu impacto ambiental e na política de combate às alterações climáticas.
Também a esquerda se opôs à introdução de isenções à legislação ambiental, a fim de acelerar a entrada em funcionamento de um terminal de GNL no Havre capaz de transportar gás de países que não a Rússia, e através do qual o gás de xisto americano pudesse transitar.
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Além das medidas concretas para a energia, o pacote legislativo inclui outras de caráter económico para subir o poder de compra. Triplicar o limite máximo do 'Bónus Macron' para 6.000 euros, impor um plafond máximo aos aumentos das rendas das casas de 3,5% e facilitar o cancelamento de subscrições online são algumas delas.
Num raro momento de acordo, os deputados votaram unanimemente para desconjugalizar o subsídio para adultos deficientes, uma medida exigida por todas as partes mas que tinha sido recusada pelo executivo anteriormente.
(Com AFP)