"Crise na construção ainda é pior que a de 2008". Indicadores são alarmantes
"Enquanto não se vende, não se constrói nada” o que torna difícil “assegurar os encargos das empresas e a massa salarial”, alerta Miguel Carvalho, CEO da Carvalho Constructions.
“Os indicadores são alarmantes, o setor da construção está a entrar numa crise pior que a de 2008”, sublinha Miguel Carvalho. O CEO da Carvalho Construction diz que “houve uma quebra de 40% nas vendas de casas e apartamentos”. Uma crise explicada “pelo facto das taxas de juro terem aumentado drasticamente, tornando o acesso ao crédito quase impossível”.
“Enquanto não se vende, não se constrói nada” o que torna difícil “assegurar os encargos das empresas e a massa salarial”. “Na situação atual, as transações e os atos notariais são quase nulos quando comparados com a situação de há 3 ou 4 anos”, sublinha o membro da Federação de Empreendedores da Construção e Engenharia Civil.
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E o pior ainda está por vir. “As empresas ainda demonstram um caderno de encargos sólido para os próximos seis meses, depois há uma grande insegurança no mercado”, sublinha.
Os números mostram que as 1500 casas que deviam ser feitas “não vão ser construídas, por causa da inflação e da subida das taxas de juro”, alerta. Uma quebra de 45% face aos anos anteriores. “Se não constroem, as empresas têm que arranjar alternativas”, avisa Miguel Carvalho.
Para fazer face ao problema o Governo manifestou a intenção de aumentar as obras públicas, “mas nem todas as empresas estão preparadas para concorrer a obras públicas e as empresas não podem trabalhar todas para o Estado”, sublinha o empreendedor.
"Infelizmente há empresas que vão fechar"
“Infelizmente há empresas que vão fechar, porque o mercado vai ficar muito parado”, reconhece Miguel Carvalho.
Várias estatísticas revelam a situação grave que o setor atravessa. “Cerca de 60% das empresas acham o nível de preços [praticado] insuficiente” por causa do aumento dos custos. “Houve uma situação extraordinária com a explosão das despesas: custo de energia, dos materiais e da massa salarial com três indexações num só ano”, descreve.
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A cronologia dos últimos meses só tem aumentado “o nível de stress elevado das empresas de construção. Começando pela crise sanitária, passando pelo aumentos extraordinários dos preços dos materiais de construção, a falta de materiais para a construção, agravado pelo confinamento chinês que provocou atrasos no fornecimento de materiais, mais a guerra na Ucrânia e a inflação” , descreve Miguel Carvalho.