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Crise energética

Berlim apaga luzes de monumentos para poupar energia

A capital alemã junta-se, assim, ao esforço coletivo para acautelar a possível escassez dos próximos meses.

O Palácio de Charlottenburg é um dos edifícios que vai deixar de ser iluminado à noite

O Palácio de Charlottenburg é um dos edifícios que vai deixar de ser iluminado à noite © Créditos: Per/Pixabay

Fonte: AFP

A cidade de Berlim começou a apagar as luzes de vários monumentos e edifícios históricos na quarta-feira à noite para se juntar aos esforços de poupança de energia em todo o país para acautelar uma possível escassez no inverno.

Cerca de 200 edifícios emblemáticos, incluindo a Coluna da Vitória, o Palácio de Charlottenburg e a Câmara Municipal, deixarão de ser iluminados à noite.

"Tendo em conta a guerra contra a Ucrânia e as ameaças da Rússia em matéria de política energética, é importante que utilizemos a nossa energia o mais cuidadosamente possível", explicou a senadora para o Ambiente do município de esquerda, Bettina Jarasch (Verdes), em comunicado.

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A cidade poderá, assim, poupar na utilização dos 1.400 holofotes afetos à iluminação destes locais.

No entanto, para parar o mecanismo automático que acende as luzes ao cair da noite, é necessária a intervenção humana, edifício por edifício, o que vai levar várias semanas.

Desse modo, a cidade não poupará dinheiro a curto prazo, porque o custo da intervenção cobre os custos totais de eletricidade economizados durante um ano, ou seja, 40.000 euros.

A curto prazo, portanto, é "o efeito de poupança de energia que é decisivo para a medida, e não a pura rentabilidade", segundo o município, que consome anualmente cerca de 200.000 quilowatts-hora.

O presidente da Alemanha, Frank-Walter Steinmeier, também quis dar o exemplo esta semana, tendo anunciado que a sua residência oficial em Berlim, o Palácio de Bellevue, deixaria de ser iluminada à noite, exceto em ocasiões especiais, tais como visitas de Estado.

Escolas, creches, lares e centros de saúde não incluídos

Outras cidades alemãs tomaram medidas semelhantes.

Em Hannover, no centro do país, piscinas, pavilhões desportivos e ginásios terão duches frios para todos os utilizadores. A Câmara Municipal e os museus já não serão iluminados à noite.

"O objetivo é reduzir o nosso consumo de energia em 15%. Esta é uma resposta à ameaça de escassez de gás, que constitui um grande desafio para os municípios", explicou o autarca ambientalista da cidade, Belit Onay.

Contudo, as "infraestruturas essenciais" tais como creches, escolas, lares de idosos ou centros de saúde não são afetadas por estas restrições.

Outras cidades como Leipzig, Munique e Nuremberga estão a preparar medidas de poupança.

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Durante várias semanas, o governo do chanceler alemão Olaf Scholz tem vindo a apelar a uma mobilização nacional para poupar energia, cujos preços explodiram e cujo fornecimento pode deteriorar-se este inverno.

Foi lançada uma campanha, destinada a empresas e particulares, para promover certas práticas, tais como baixar o ar condicionado nos edifícios, privilegiar os transportes públicos ou comprar um chuveiro que utilize menos água.

Antes da guerra na Ucrânia, a Alemanha comprava 55% do seu gás à Rússia, uma percentagem que foi reduzida para 35% no início de junho mas que deixa o país à mercê dos cortes de gás decididos por Moscovo. A empresa de energia Gazprom reduziu, em várias fases, o fornecimento de gás à Alemanha através do gasoduto Nord Stream para 20% da capacidade.