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Bancos luxemburgueses envolvidos no escândalo global de transferências fraudulentas

No Luxemburgo, os bancos são obrigados a declarar as transações suspeitas à Comissão de Supervisão do Setor Financeiro.

© Créditos: Gerry Huberty

O Luxemburgo registou 85 transações bancárias que fazem parte da lista de transferências fraudulentas, com o objetivo de facilitar o branqueamento de capitais, detetadas pelo Consórcio Internacional de Jornalistas de Investigação (ICIJ).

Um novo escândalo global, que inclui um banco que terá recebido dinheiro do marido da empresária angolana Isabel dos Santos.

A investigação do consórcio é baseada numa fuga de informação de relatórios confidenciais de vários bancos nos Estados Unidos e que foram enviados para a agência federal ‘Rede de Combate a Crimes Financeiros’ (Financial Crimes Enforcement Network), entre 2000 e 2017.

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Além dos já revelados grandes bancos mundiais, como JP Morgan ou HSBC, há 85 transações que envolvem bancos luxemburgueses, refere o jornal Wort. O Quintet (antigo banco privado KBL) é o principal banco luxemburguês citado, com três transações suspeitas no valor de 472 milhões de euros.

O banco privado luxemburguês Pictet aparece também na lista, com transações suspeitas do marido da empresária angolana Isabel dos Santos, Sindika Dokolo. Segundo o relatório, houve “transferências regulares de 100 mil euros” do Banco Federal de Médio Oriente (FBME) para o banco Pictet no Luxemburgo, que indiciam uma “tentativa de fragmentar o movimento de fundos para esconder os fluxos de dinheiro e evitar que isso seja alvo de relatórios”.

Esta não é a primeira vez que Sindika Dokolo está associado a transferências para o Luxemburgo. Segundo outro documento divulgado no ano passado pelo consórcio de jornalistas, sobre o Luanda Leaks, a empresa de fachada De Grisogono Holding, de Sindika Dokolo e com sede no Luxemburgo, esteve alegadamente envolvida no desvio de 120 milhões de dólares dos fundos estatais angolanos, para adquirir participações na marca de joias suíça De Grisogono.

Recorde-se que no Luxemburgo, os bancos são obrigados a declarar as transações suspeitas à Comissão de Supervisão do Setor Financeiro (CSSF) e ao departamento de informação financeira do Ministério Público. Segundo o relatório de 2019 deste departamento, o número de declarações de transações suspeitas aumentou de cinco mil 2010 para mais de 50 mil no ano passado.