Arrendamentos sobem em flecha e preços das casas caem a pique no Grão-Ducado
No Luxemburgo, os novos arrendamentos das casas aumentaram 8,7% enquanto o preço da venda de imóveis baixou 5,1%. Tendências que se vão manter.
© Créditos: Marc Wilwert/Luxemburger Wort
O mercado do imobiliário no Luxemburgo assemelha-se, neste momento, a uma verdadeira montanha russa, entre arrendamento e venda. Ao mesmo tempo, que os preços dos imóveis, apartamentos e moradias, novos ou usados, desce a pique, com decréscimos nunca atingidos desde há muitos anos, os novos arrendamentos, por seu turno, sobem muito.
A instabilidade no mercado da habitação ocorre há meses provocado pelo aumento constante das taxas de juros, e entra agora num novo ciclo no primeiro trimestre do ano, como comprovam os dados do portal atHome.lu. Mas, atenção: os dados referem-se aos preços nos anúncios, pelo que, os preços dos imóveis podem ser ainda mais baixos na venda final.
Depois de anos sucessivos de aumentos de preços na venda das casas, até ao final de 2022, estes entraram em queda no início de 2023, como o Contacto já havia anunciado. A nível nacional, os preços desceram 5,1% em relação ao mesmo período de 2022 (que na altura tinha registado um aumento de 10% em relação a igual período de 2021). É nos apartamentos novos que os preços desceram mais, menos 7,4%, contra 3,9% nos apartamentos antigos.
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Recuo dos preços das casas chega a 6,8%
As maiores descidas ocorrem a este (-6,8%) e no centro (-5,8%) do país. Segue-se depois a região oeste (-5,1%), e como seria de esperar, o sul continua a ser o local mais caro do Luxemburgo e onde o recuo dos preços foi menor (-2,7%).
A surpresa chega do norte: enquanto em todo o país apartamentos e casas baixaram, sem exceção, no norte, os apartamentos acompanharam a tendência, e custa agora menos 4,3%, já as moradias continuam a aumentar e registam uma subida de 10,2%.
Preço da venda de casas e apartamentos por região do país. © Créditos: Crédito. atHome.lu
A queda dos preços da venda dos imóveis não significa uma boa notícia, pois atualmente com a subida constante das taxas de juro, nomeadamente nos créditos à habitação, torna-se mais difícil obter um empréstimo bancário, além da prestação ser mais cara e, na taxa variável arriscar a significativos aumentos.
Novos arrendamentos disparam
Com a dificuldade em obter empréstimo bancário para a compra da casa, a par com o receio pelo aumento das prestações mensais, já de si elevadas, os residentes estão a voltar-se para o arrendamento. Este mercado aproveita a procura e os preços têm vindo a disparar, como comprovam os dados da atHome.lu.
No primeiro trimestre deste ano, os novos arrendamentos aumentaram 8,7% a nível nacional, contra uma subida de 2,5% em igual período de 2022. A subida é de 8,3% para os apartamentos e de 11,8% para as moradias. É no centro os aumentos são mais elevados, mais 10,1% para apartamentos e mais 15,1% para moradias.
Novos arrendamentos por região do país, de casas e moradias. © Créditos: Crédito. atHome.lu
Também nos arrendamentos há exceções, com preços isolados a descer. No sul do país, os novos arrendamentos das moradias desceram 1,4%, e a este, consegue-se arrendar um apartamento por menos 1,6%.
Aumentos vão continuar
Contudo, no geral, a perspetiva é que o arrendamento continue a subir. "Assistimos agora aos primeiros sinais de aumento das rendas em novos arrendamentos, desde o final de 2022. É, portanto, provável que as rendas continuem a aumentar nos próximos meses, particularmente como resultado de uma mudança na procura (que já não pode considerar a propriedade da casa própria) para o arrendamento", explicou já ao Contacto Julien Licheron, investigador na área do imobiliário do Luxembourg Institute of Socio-Economic Research (LISER). A mesma opinião tem o investigador Antoine Paccoud, do Liser. "Estamos a assistir a um aumento das rendas, uma vez que muitas pessoas que já não podem comprar estão a recorrer ao arrendamento".