Opinião - Uma vitória que se saúda
O comentário de Álvaro Cruz sobre o jogo Luxemburgo-Irlanda do Norte
Frente a um adversário mais cotado, que tinha derrotado a toda poderosa Rússia e empatado em Portugal, o Luxemburgo assumiu a contenda jogando olhos nos olhos com um adversário que se colocou em vantagem nos primeiros minutos contra a corrente do jogo. © Créditos: Ben Majerus
Assisti ontem no estádio Josy Barthel à vitória do Luxemburgo frente à Irlanda do Norte, por 3-2, e devo confessar que foi o melhor jogo de todos os que vi dos Roude Léiwen dos últimos anos.
Não pelo simples facto de terem ganho – o que raramente acontece em competições internacionais – mas porque foi uma vitória obtida com grande mérito por uma "equipa" no verdadeiro sentido da palavra.
Tinha razão o seleccionador Luc Holtz em manter o mesmo "onze" e sistema táctico (1-4-4-2), apesar da derrota sofrida (1-4) quatro dias antes na Rússia, sob o pretexto de querer "mudar as mentalidades".
Não sei se as mentalidades mudaram em quatro dias apenas, mas o que vi agradou-me bastante. Frente a um adversário mais cotado, que tinha derrotado a toda poderosa Rússia e empatado em Portugal, o Luxemburgo assumiu a contenda jogando olhos nos olhos com um adversário que se colocou em vantagem nos primeiros minutos contra a corrente do jogo.
Um golo que outrora confundia as mentes e retraia a equipa, em nada afectou a atitude do onze grão-ducal que continuou a produzir um jogo elaborado e acutilante que seria premiado com o belo golo de Joachim, perto do intervalo.
Mas o melhor estava para vir. Contrariamente ao que estamos acostumados, o Luxemburgo não se contentou em manter o pontinho, antes considerado milagroso. Partiu à procura da vitória praticando um futebol a toda a largura do terreno, com boa circulação de bola e movimentações executadas a perceito, aos quais aliou um admirável "Fighting Spirit".
O segundo golo, da autoria de Bensi, foi apenas o corolário de um domínio assente num futebol que espelhou com fidelidade a (prometedora) evolução da jovem selecção luxemburguesa.
Os irlandeses ainda empataram a partida, mas estava escrito que a vitória seria luxemburguesa. À custa de uma atitude extremamente positiva e uma determinação tão evidente, o golo da vitória surgiu no último minuto quando Mathias Jänisch concluiu com um potente remate uma confusão dentro da grande área irlandesa após a marcação de um canto.
Foi o delírio dentro do campo e nas bancadas também. Até os cerca de 1.300 irlandeses - que deram um colorido e ambiente especiais ao estádio Josy Barthel - se renderam à exibição luxemburguesa que assinou uma vitória importante e que se saúda. Não só em termos de resultado, mas sobretudo pela excelente atitude que deixa antever um futuro prometedor a esta jovem geração de jogadores.
Á. Cruz