Juventus 1-1 Sporting. Itália, nunca mais
Juventus empata 1:1 no José Alvalade e elimina Sporting nos ¼ final da Liga Europa.
Federico Gatti, à direita, celebra a passagem da Juventus às meias-finais da Liga Europa, após o empate com os leões em Alvalade, a 20 de abril de 2023. © Créditos: Patrícia de Melo Moreira/AFP
É o karma. Só pode. O Sporting é, vejam lá bem, a quarta equipa portuguesa eliminada por italianos em 2023. Não façam confusão, não é a época 2022-23, é tão-só o ano civil 2023. O primeiro a cair é o Braga, cortesia Fiorentina (Liga Conferência). Segue-se a dupla façanha do Inter, vs. FC Porto e Benfica (ambos para a Liga dos Campeões). Agora é a Juventus a fechar a porta europeia ao Sporting (Liga Europa). Arrivederci a tutti quanti, porca miseria.
Estádio José Alvalade ao barrote, 45 mil-e-tal espectadores. Muitos deles equipados à Sporting e estacionados nas rulotes desde cedo, a três horas do pontapé de saída. É o jogo mais importante da época, naturalmente. Há energia boa no ar, na ressaca da eliminatória com o Arsenal, em pleno Emirates. Se fizer tudo bem, o Sporting chega à ½ final da Liga Europa e estica a presença portuguesa na UEFA 2022-23. Pela frente, a Juventus – e ainda o magro resultado negativo de 1:0 da primeira mão.
Carrega Sporting. Ou não. A bola sai da Juventus e o Sporting nem a vê. É do argentino Di María o primeiro sinal de perigo, aos dois minutos, num lance com culpas para o atarantado Gonçalo Inácio. Resolve o capitão Coates na dobra. Aos 9’, a Juventus passa da ameaça ao êxito com o 0:1 de Rabiot. Que balde de água fria.
Na sequência de um canto da esquerda, os centrais sportinguistas sentem dificuldades em despachar a bola para as couves e o francês acerta-lhe bem. E é também o seu segundo golo a equipa portuguesas, após um ao FC Porto em 2021, também pela Juventus. Atenção, pormenor curioso: Rabiot é eliminado por esse FC Porto. Uh la la, agarra que é tua Sporting.
Veja as imagens da partida:
O golo solta o Sporting. O público puxa pelos jogadores, a equipa agiganta-se. A Juventus mete-se lá atrás a defender e consente o domínio. Aos 18’, Trincão acerta em cheio no poste após cruzamento rasteiro de Edwards. Aos 20’, penálti na área da Juventus por falta de Rabiot sobre Ugarte. Ui, e agora?
O Sporting falha os dois últimos penáltis, ambos na 1.ª divisão, por Trincão e Pedro Gonçalves. Sai Edwards na rifa e o inglês engana Szczesny com uma bola para o meio enquanto o polaco se deita para o lado esquerdo. Está feito o empate, renasce a esperança. Que é verde, toda a gente sabe.
Até ao intervalo, a Juventus nada faz para forçar o andamento e o Sporting só consegue tímidos cruzamentos ineficazes para a área. Szczesny passa ao lado do jogo e só aparece no filme a olhar para duas bolas ligeiramente desviadas do alvo, uma por cima de Ugarte (25’) e outra ao lado de Diomandé (35’).
A segunda parte começa como a primeira, a Juventus arrisca a surpresa. Di María rouba uma bola lá à frente, ziguezagueia até aos pés de Adán e cruza para o cabeceamento desenquadrado de Vlahovic (55’) com a baliza escancarada. Segue-se um período bem italiano, porque o Sporting não consegue incomodar Szczesny nem pisar a área da Juventus.
Quando o faz, Esgaio atira por cima. O lateral aproveita uma falha do capitão Danilo em zona proibida e isola-se na cara de Szczesny. O remate sai-lhe forte e por cima da trave. O desespero dos adeptos é evidente, há malta com as mãos na cabeça e outra com a cara tapada. Faltam 15 minutos, é a oportunidade ideal para o 2:1 e apertar ainda mais com a Juventus.
É então que Rúben Amorim mexe finalmente na equipa, com Chermiti e Matheus Reis. Mais à frente, é Arthur Gomes a entrar. E é o brasileiro quem mete a bola do 2:1 para o central-avançado Coates, só que o uruguaio faz-se mal ao lance, Alex Sandro alivia de qualquer maneira e adia-se o golo. Até nunca. A Juventus segura o empate e festeja o apuramento para a primeira ½ final europeia desde 2017, também aí com Massimiliano Allegri a treinador.
É injusto, sim senhor, o Sporting joga mais que a Juventus tanto em Turim como em Lisboa. E é também a vida. Como diria Rúben Amorim no flash-interview. "A Juventus só precisa de meia oportunidade para marcar golo."
Pela segunda vez na história da UEFA, quatro italianos eliminam quatro portugueses: em 1994-95, a dança inclui, por ordem cronológica, Juventus vs. Marítimo (Taça UEFA), Nápoles vs. Boavista (Taça UFEA), Milan vs. Benfica (Liga dos Campeões) e Sampdoria vs. FC Porto (Taça das Taças).
Com arbitragem do francês François Letexier, eis os actores principais e secundários no José Alvalade:
Sporting: Adán; Diomandé, Coates (cap) e Gonçalo Inácio (Matheus Reis 81’); Esgaio, Morita, Ugarte e Nuno Santos (Arthur Gomes 88’); Edwards, Trincão (Chermiti 81’) e Pedro Gonçalves; treinador Rúben Amorim (português);
Juventus: Szczesny; Cuadrado, Bremer (Gatti 71’), Danilo (cap) e Alex Sandro; Locatelli, Miretti (Pogba 71’) e Rabiot; Di María, Vlahovic (Milik 71’) e Chiesa (Kostic 78’); treinador: M. Allegri (italiano)
Marcha do marcador: 0:1 Rabiot (9’); 1:1 Edwards (20’ p);
(Autor escreve de acordo com a antiga ortografia.)