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Liga portuguesa

Jornada 10. A teoria de Einstein no Dragão

Menos mal (para o Benfica), o clássico é hoje, a uma 6.ª feira. E, nesse dia, a estatística é mais virada para o x no Totobola.

A última vez que FC Porto e Benfica se defrontaram foi em maio deste ano.

A última vez que FC Porto e Benfica se defrontaram foi em maio deste ano. © Créditos: José Sena Goulão/Lusa

Três anos é muito tempo? Depende, é tudo muito relativo. Para um grande como o Benfica, três anos sem ganhar um título é muuuuuuito tempo. Para um clube como o Lourinhanense, três anos sem levantar uma taça é mais do mesmo, nada de novo.

Vem isto a propósito do clássico de hoje, para a 10.ª jornada da 1.ª divisão, e da última vitória do Benfica no Dragão, já em Março 2019. Daí para cá, três anos (e meio). Daí para cá, duas derrotas e um empate. O mais extraordinário dessa última alegria na casa do FC Porto é o número escasso de jogadores repetentes de um momento para o outro. Ao todo, só sete – Pepe e Otávio de um lado, Vlachodimos, André Almeida, Grimaldo, Florentino e Rafa do outro. Se fizemos um zoom sobre os titulares de 2019 e os prováveis 22 de 2022, só três, e todos do Benfica: Vlachodimos, Grimaldo e Rafa (ya, Otávio e Florentino começam no banco há três anos, e só o primeiro é que entra em campo).

É um clássico rijo, dos bons, o de 2019. O FC Porto dobra a primeira volta com um avanço de sete pontos e atrapalha-se sozinho. De repente, uma série de resultados manhosos e só se vê com um ponto de avanço às portas da recepção ao Benfica, completamente alterado (e galvanizado) com a entrada de Bruno Lage para o lugar de Rui Vitória.

Para se ter uma ideia daquela história da teoria da relatividade, o FC Porto alinha com Casillas; Manafá, Pepe, Felipe e Alex Telles; Corona, Óliver, Herrera (cap) e Brahimi; Marega e Adrián. O Benfica responde com Vlachodimos; André Almeida (cap), Rúben Dias, Ferro e Grimaldo; Pizzi, Gabriel, Samaris e Rafa; Seferovic e João Félix.

O início do prélio é todo do FC Porto, com golo incluído. Aos 19 minutos, Rúben Dias faz um carrinho em cima de Brahimi no limite da área do Benfica e Adrián encarrega-se do livre directo. A bola bate na barreira de quatro e ressalta para a frente. Na recarga, o mesmo Adrián inclina o corpo para o remate mais em jeito do quem força e sai a festejar. Há protestos do Benfica e é preciso o VAR para autenticar a vantagem, porque a posição de Herrera é duvidosa na hora do remate. Esclarecida a linha do fora-de-jogo, Jorge Sousa aponta, mais uma vez, para o meio-campo.

Cumpre-se o destino, o FC Porto não sabe jogar com a vantagem. Aos 26’, Casillas repõe a bola em jogo com um pontapé longo e rasteiro na direcção de Adrián, estacionado quase no meio círculo. De espanhol para espanhol, muy bien. ?O no? Muy malo, isso sim. Gabriel antecipa-se a Adrián e rouba-lhe a bola. Depois, a inocência de Manafá faz das suas e é Seferovic quem aproveita para galgar uns metros. Descaído para a esquerda, o suíço cruza rasteiro para o coração da área, onde surge João Félix nas costas de Pepe a preparar o remate e o golo em apenas dois toques. É o primeiro benfiquista sub20 a marcar na casa do FC Porto desde Chalana em 1977.

Ao intervalo, 1:1.

Na segunda parte, o Benfica acelera para a vitória e para o título de campeão. O lance do golo da reviravolta é aos 52’, obra de Rafa. O extremo recupera uma bola mal afastada por Felipe e tabela com Pizzi. Já dentro da área, o 21 domina elegantemente entre três portistas (Felipe, Pepe e Herrera) e entrega redondinha para Rafa. O remate à entrada da área sai-lhe perfeito, junto ao poste de Casillas. É a segunda vez na época 2018-19 em que o FC Porto é dobrado em casa, após marcar o primeiro golo – Vitória SC de Luís Castro, de 2:0 para 2:3 em Agosto.

Até final, só mais uma situação digna de registo para a ficha de jogo: a expulsão de Gabriel, aos 75’. O brasileiro do Benfica puxa os calções de Otávio numa acção defensiva no meio-campo do FC Porto e, depois, ainda vai tirar desforço do mesmo jogador. Segue-se um sururu de proporções xxl. Passados uns longos segundos, e acalmados os ânimos, Jorge Sousa separa o trigo do joio. Puxa do amarelo e mostra-o a Otávio. E, depois, a Gabriel. Acto contínuo, faz a sinalética de puxão e exibe outro amarelo a Gabriel, o segundo e o consequente vermelho.

Mesmo com dez elementos, o Benfica segura a magra vantagem, embora Felipe acerte na trave aos 84’ e obrigue Vlachodimos a uma espantosa defesa em cima dos 90’. Adiante. Quando soa o triplo apito final, o Benfica festeja o dois-em-um: vitória e liderança. Aliás, três-em-um: desde 1990-91, era Sven-Göran Eriksson, o Benfica não ganha no campo dos dois grandes na mesma época. Bruno Lage faz história. Insistimos, daí para cá o FC Porto é rei do Dragão. Só que hoje entra em desvantagem pontual, algo nada habitual no registo dos clássicos vs Benfica.

Ler mais:FC Porto vs Benfica. O dinheiro, um clássico

Os três pontos de avanço e a série de 18 jogos sem perder, com um total de 14 vitórias e quatro empates, garantem um estado de graça à equipa de Roger Schmidt, cujo desafio principal é o de manter a invencibilidade. Se isso acontecer, é o primeiro alemão do Benfica a pontuar na casa do FC Porto. Verdade seja dita, só outro alemão no seu caminho. É ele Jupp Heynckes, duplamente derrotado por 2:0 em 1999 (Capucho + Jardel) e 2000 (Alenitchev + Jorge Costa), ambos os resultados construídos antes do intervalo e ambos ao sábado.

Menos mal (para o Benfica), o clássico é hoje, a uma 6.ª feira. E, nesse dia, a estatística é mais virada para o x no Totobola. Três clássicos, três empates. O primeiro em 2011 com golos de Kléber, Cardozo, Otamendi (olha quem) e Gaitán. O segundo em 2017, sem golos. E o terceiro em 2021, com Grimaldo e Taremi a encherem as balizas.

Calendário:

Sexta-feira:

  • FC Porto (2)-Benfica (1)

Sábado:

  • Famalicão (15)-Paços de Ferreira (17)

  • Estoril (7)-Braga (3)

  • Sporting (6)-Casa Pia (4)

Domingo:

  • Vizela (12)-Santa Clara (16)

  • Marítimo (18)-Arouca (11)

  • Chaves (10)-Gil Vicente (14)

  • Vitória SC (9)-Boavista (5)

Segunda-feira:

Rio Ave (13)-Portimonense (8)