Contacto
Futebol

FC Porto, o campeão inédito

Golos de Eustáquio e Marcano garantem primeira vitória na Taça da Liga (2:0)

© Créditos: LUSA

FC Porto, campeão inédito. Dito assim até é estranho para quem acumula 30 campeonatos da 1.ª divisão, uma Taça dos Campeões, uma Liga dos Campeões, duas Taças Intercontinentais, uma Taça UEFA, uma Liga Europa, uma Supertaça Europeia. É estranho, sim, e também verídico: o FC Porto estreia-se a levantar a Taça da Liga, criada em 2008. À 16.ª é de vez, em Leiria, vs. Sporting (2:0).

O tricampeão em título Rúben Amorim acrescenta um toque exótico na subida do japonês Morita à titularidade, enquanto Sérgio Conceição apresenta Pepê como adjunto de Taremi na frente. Fait-divers à parte, a bola de jogo entra em campo numa moto de uma pizzaria. No lugar do pendura, Futre, Paulo Futre, transferido do Sporting para o FC Porto em 1984 – dos 22 em campo, só Pepe já havia nascido.

Sai o Sporting e joga-se futebol aberto até ao madrugador 1:0 de Eustáquio, num remate fora da área, com culpas para Adán. A jogada começa em Pepê na direita. O número 11 força o andamento de Coates e cruza na linha de fundo para o outro lado da área, onde Wendell recebe e deixa para Eustáquio, cujo remate com o pé esquerdo é colocado. Só que também é frouxo, vá. Adán coloca-se em posição e falha clamorosamente. Sem saber ler nem escrever, o FC Porto adianta-se no marcador.

O Sporting reage bem e até marca por Edwards, aos 13’. Só que o inglês nem festeja por aí além, sente o fora-de-jogo? Sim, é isso. O VAR decide pela anulação, à conta de 41 centímetros na hora do passe em profundidade de Pedro Gonçalves para Edwards na desmarcação (adiantada) a Marcano. O Sporting continua por cima, à procura do empate. Aos 24’, Pedro Gonçalves isola-se e prefere o malabarismo em vez do remate de pronto. Resultado, a jogada perde-se momentaneamente e o ressalto é aproveitado para um chapéu de aba curta de Morita para a defesa de Cláudio Ramos.

O mesmo Morita semeia o pânico nas imediações da área portista aos 34’, com um lance individual em que ultrapassa Pepe e quase quase faz o túnel a Marcano, sempre atento a dobrar o capitão. Dois minutos volvidos, o Sporting acerta na barra e no poste, através de Porro e Pedro Gonçalves. Em ambos os lances, Cláudio Ramos está batido. Só dá Sporting. E continua. Aos 42’, Paulinho senta Wendell e remata contra o corpo de Cláudio Ramos. Nos descontos, Pepe rouba o empate a Paulinho em plena pequena área, após serviço de Pedro Gonçalves pela direita, e Porro obriga Cláudio Ramos a defesa tranquila.

Peep peep peeeeeep, intervalo.

A segunda parte é diferente, para pior. O FC Porto acerta o passo, o Sporting joga mais longe da baliza de Cláudio Ramos e enerva-se com regularidade. Por via disso, cada apitadela de João Pinha, até em lançamentos laterais, é um ver-se-te-avias de provocações, insultos, picardias. Acrescente-se a isso a quantidade de teatro de baixa qualidade dos intervenientes, sejam eles quem forem, vistam eles a camisola azul ou verde. É deprimente, o futebol. Cada tiro, cada melro. Se uma bola acerta em alguém, é um ai jesus. Se alguém tropeça em alguém, outro. Assim não, definitivamente. Os cartões amarelos voam e há até um vermelho, para Paulinho. O avançado do Sporting, visivelmente noutra desde o minuto inicial da partida em que pede canto numa discussão de bola com Pepe, tem a bola dominada, passa por dois e lembra-se de abrandar o ritmo para acertar em Otávio – é a segunda expulsão da sua carreira, após aquela em 2016, ainda pelo Gil Vicente (vs. Freamunde).

Ao rodízio de faltas e faltinhas, falta a dança das substituições, Cada equipa tem cinco, é um desfile só visto. Saem os capitães, primeiro é Coates (a braçadeira salta para Adán), depois é Pepe (o novo líder é Marcano). Ali pelo meio, Marcano faz o 2:0 de cabeça e desfaz equívocos. Se é que os houvesse. É um belo lance de envolvimento, com cruzamento de Pepê (mais uma vez) para o segundo poste e Marcano, sem qualquer oposição, a enganar Adán.

Nos seis minutos de desconto, mais picardias, mais faltinhas de nada, mais quedas teatrais e um só lance de perigo, o do cabeceamento do suplente Trincão para onde estava virado quando lhe bastaria rodar a cabeça para importunar Cláudio Ramos.

Soa o apito final, dois golos e oito cartões numa noite insossa de bola. O FC Porto levanta a primeira Taça da Liga da sua história e Sèrgio Conceição conquista o 9.º título de carreira pelo FC Porto, é agora o mais titulado de todos os tempos, à frente de Artur Jorge. Para o ano há mais Taça da Liga, novamente em Leiria.

Sob a arbitragem de João Pinheiro, eis os artistas principais e secundários

SPORTING Adán; Gonçalo Inácio, Coates (cap) (St. Juste 80) e Matheus Reis; Porro, Morita (Tanlongo 84), Ugarte (Arthur 84) e Nuno Santos (Fatawu 56); Edwards (Trincão 80), Paulinho e Pedro Gonçalves

Treinador Rúben Amorim (português)

FC PORTO Cláudio Ramos; João Mário, Pepe (cap) (Fábio Cardoso 90+5), Marcano e Wendell (Zaidu 79); Otávio, Eustáquio (Bernardo Folha 89), Uribe, Galeno, Taremi (Namaso 90+5) e Pepê (Gonçalo Borges 89)

Treinador Sérgio Conceição (português)

Marcadores 0:1 Eustáquio (10’); 0:2 Marcano (86’)

Indisciplina expulsão do sportinguista Paulinho (71, duplo amarelo)