Dois recordes para o FC Porto
Penálti de Taremi garante 1:0 em Guimarães, maior invencibilidade de sempre na 1.ª divisão (57 jogos) e ainda a melhor série fora de casa (12 vitórias seguidas).
O médio do FC Porto Mehdi Taremi foi o protagonista da vitória sobre o Guimarães por 1-0, numa grande penalidade. © Créditos: Miguel Riopa/AFP
Marchesín à baliza, Manafá, Diogo Leite, Mbemba e Corona na defesa, Grujic a 6, Marega, Uribe, Sérgio Oliveira e Otávio no meio, Evanilson solto na frente. Eis o FC Porto vs Paços de Ferreira no Estádio Capital do Móvel. Atenção, estamos a 30 Outubro 2020, é uma sexta-feira e o FC Porto antecipa o jogo por compromisso internacional na Liga dos Campeões. De fora do onze de Sérgio Conceição, há nomes como Pepe, Taremi, Luis Díaz e Fábio Vieira.
Noventa-e-tal-minutos depois, 3:2 para o Paços. O FC Porto perde, e bem. Aliás, o 3:2 é lisonjeador porque o árbitro anula um golo ao Paços e Eustáquio atira à barra. Quem é o treinador do Paços? Chama-se Pepa. Um ano e meio depois, Pepa já está no Vitória SC e volta a receber Conceição para um momento histórico. Se pontuar no D. Afonso Henriques, o FC Porto bate o recorde nacional de invencibilidade na 1.ª divisão, na posse do Benfica desde 1978, altura em que a equipa de John Mortimore acumula 56 jogos sem derrotas, entre 44 vitórias e 12 empates.
Diogo Costa à baliza, João Mário, Pepe, Mbemba e Zaidu na defesa, Grujic a 6, Otávio, Fábio Vieira e Vitinha no meio, Taremi e Pepê lá na frente. Pois bem, o FC Porto de Sérgio Conceição cumpre a tradição de ganhar em Guimarães e completa a faena com 57 jogos sem derrotas desde o tal 3:2 em Paços. É um momento único na história do futebol nacional, basta um penálti de Taremi aos 32 minutos para garantir um hat-trick sensacional: vitória, três pontos e recorde.
Mais tarde, já na segunda parte, Taremi dispõe de outro penálti para ampliar a marca, novamente por uma falta de Bruno Varela sobre o iraniano. Só que, dessa vez, Bruno Varela adivinha-lhe o intento e repele a bola. Contas feitas, é o primeiro penálti falhado por Taremi dos 17 em Portugal. No pasa nada, o Vitória SC raramente incomoda a baliza de Diogo Costa e o FC Porto acumula a 12.ª vitória seguida como visitante, algo inédito na sua história de 1.ª divisão – outro recorde, este na posse de Jesualdo Ferreira 2009 e Artur Jorge 1985. Nem mais, dois recordes de uma assentada.
Agora só falta o título de campeão nacional para coroar a época. À falta de cinco jornadas para o fim do campeonato, os seis pontos de vantagem sobre o segundo classificado garantem uma almofada confortável. Até porque o FC Porto joga três vezes em casa e duas fora, em Braga e na Luz. Ou seja, basta-lhe ganhar sempre em casa e pontuar fora uma vez para voltar a sorrir. Com este andamento, um deslize é como uma agulha no palheiro.
O Sporting está à espreita de um erro, por mínimo que seja, para conferir ainda mais emoção à 1.ª divisão. A quinta vitória seguida dá-se em Tondela, na véspera do recorde nacional do FC Porto. Durante quase um dia inteiro, o inequívoco 1:3 pressiona alto. Mérito para os golos de Gonçalo Inácio e Sarabia. O 0:1 do central é um remate do meio da rua, a 25 metros da baliza. Bate inspiração e toma lá disto. O espanhol amplia ainda antes do intervalo numa bela jogada de entendimento entre Pedro Gonçalves e Edwards, até parece fácil. Na segunda parte, Sarabia bisa de grande penalidade, a castigar mão de João Pedro, e o Tondela fixa com um cabeceamento artístico do lateral (também espanhol) Manu, sem hipótese para o compatriota Adán. A vitória dá esperança e anima para o dérbi do domingo de Páscoa.
É verdade, dérbi vs Benfica no José Alvalade na próxima jornada. Na ressaca do 1:3 do Liverpool na Luz, o Benfica inverte o resultado a seu favor vs Belenenses SAD, novamente em último lugar por troca com o Moreirense, vencedor-surpresa vs Gil Vicente em Barcelos (2:1). Afonso Sousa marca primeiro e estica o legado familiar. O avô António Sousa marca ao Benfica pelo FC Porto nas Antas, o pai Ricardo pelo Boavista na Luz e agora é Afonso também na Luz. Isto das dinastias é bonito, à imagem de Mário Wilson, Mário Wilson Júnior e Bruno Wilson.
O Benfica sofre o golo e devolve a gentileza por Darwin, indiscutível melhor marcador da 1.ª divisão. O lance é caricato porque o Belenenses sai a jogar como gente grande num pontapé de baliza e o mesmo Afonso Sousa dá um displicente toque de calcanhar junto à linha lateral a permitir a recuperação de bola do Benfica. Daí ao golo é um passo, com o capitão Yohan Tavares a ir à queima, sem sucesso. Darwin recolhe no coração da área e atira cruzado.
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O uruguaio marca mais dois golos na segunda parte e sobe a parada para 24, nove a mais que a dupla Taremi (FC Porto) e Ricardo Horta (Braga). É o terceiro hat-trick de Darwin na 1.ª divisão, o segundo vs Belenenses SAD. Na baliza, Luiz Felipe nem as vê passar. No 2:1, Darwin é servido por Taarabt à entrada da área e remata com o pé esquerdo. No 3:1, João Mário ganha uma bola no meio-campo e desmarca o número 9, descaído sobre a esquerda. O resto é história. Luiz Felipe é o único guarda-redes da 1.ª divisão com hat-tricks sofridos em 2022, primeiro Evanilson (FC Porto), agora Darwin (Benfica).
Numa jornada sem empates (a segunda seguida), o Benfica volta a ter o melhor ataque do campeonato (73) enquanto o Sporting mantém a defesa menos batida (18) e o Porto continua com mais pontos (79). A todos os grandes uma fatia de bolo, vá.
Resultados completos:
Gil Vicente 1:2 Moreirense
Paços 2:0 Marítimo
Boavista 1:0 Arouca
Benfica 3:1 B Sad
Tondela 1:3 Sporting
Portimonense 1:0 Famalicão
Santa Clara 2:0 Estoril
Vitória SC 0:1 FC Porto
Vizela 0:1 Braga