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Prémio Camões

Quatro anos depois, Chico Buarque vinga-se de Bolsonaro

O músico e escritor brasileiro recebeu esta segunda-feira o Prémio Camões, com que havia sido distinguido em 2019.

© Créditos: António COTRIM/LUSA

Fonte: Redação

O músico e escritor brasileiro Chico Buarque recebeu o Prémio Camões esta segunda-feira, quatro anos após ter sido agraciado com o maior galardão da literatura lusófona, instituído pelos governos de Portugal e do Brasil em 1988.

"Meu caro amigo, me perdoe, por favor, essa demora", disse Marcelo Rebelo de Sousa, dirigindo-se ao compositor brasileiro com versos de uma canção sua, durante a cerimónia de entrega do prémio no Palácio de Queluz, em Sintra.

Recorde-se que a distinção foi anunciada a 21 de maio de 2019, mas a cerimónia de entrega nunca se concretizou. O então Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, de quem Chico Buarque foi um acérrimo crítico, recusou-se a assinar o diploma.

Na altura, a atitude de Bolsonaro levou o consagrado músico a declarar: "A não assinatura do Bolsonaro no diploma é para mim um segundo Prémio Camões."

O autor de "Estorvo" e "Leite Derramado" é um conhecido apoiante do Partido dos Trabalhadores (PT) e do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva, reeleito em outubro passado para o cargo que ocupou entre 2003 e 2011.

"Um artista a favor da democracia"

A entrega formal do prémio, também adiada por força da pandemia, foi remarcada e coincidiu com a visita oficial de Lula da Silva a Portugal e com as celebrações do 25 de Abril, data que foi homenageada pelo cantor no tema "Tanto Mar".

Lula da Silva descreveu a entrega do prémio a Chico Buarque como a retificação de um "dos maiores absurdos cometidos contra a cultura brasileira nos últimos anos".

Em declarações à Lusa, a ministra brasileira da Cultura, Margareth Menezes, lembrou que Chico Buarque é "um artista que sempre se envolveu e se colocou na luta a favor da democracia" e contra a ditadura, através das suas obras.

A não entrega do Prémio Camões a Chico Buarque bloqueou a entrega do prémio aos vencedores dos anos seguintes: o professor e ensaísta português Vítor Manuel Aguiar e Silva (2020), a escritora moçambicana Paulina Chiziane (2021) e o escritor brasileiro Silviano Santiago (2022).

Segundo o ministro português da Cultura, o próximo será entregue a Paulina Chiziane em data a anunciar brevemente.

(Com Lusa)