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A partir de sexta-feira

Marco Godinho expõe no Museu do Chiado

O artista plástico Marco Godinho, residente no Luxemburgo, foi convidado para expor no Museu do Chiado, em Lisboa, num ciclo dedicado aos artistas portugueses no estrangeiro.

Marco Godinho inaugura na sexta-feira uma exposição no Museu do Chiado, em Lisboa, num ciclo que promove jovens artistas de origem portuguesa a viver fora de Portugal.

“É uma forma de apoiar os artistas que construíram uma carreira no estrangeiro mas que não têm muita visibilidade em Portugal, e este ciclo dá-lhes a oportunidade de mostrar uma exposição em Lisboa”, disse ao CONTACTO Marco Godinho, que em 2011 já tinha sido convidado para expor no Museu Berardo e já teve obras também na Fundação EDP e no Museu da Presidência.

Marco Godinho é o terceiro artista luso-descendente a expor no projecto “Echoes on the Wall”, que vai mostrar seis artistas portugueses no estrangeiro. Depois de Carlos Noronha Feio, a viver em Londres, e de Patrícia Corrêa, em Cracóvia, é a vez do artista luso-luxemburguês, estando ainda agendadas até final do ano exposições com artistas portugueses em Nova Iorque, Luanda e Hong Kong.

© Créditos: Carimbo de Marco Godinho

Quando falou ao CONTACTO, esta terça-feira, Marco Godinho estava a começar a montagem da mostra em Lisboa, que vai contar com quatro obras suas, expostas no átrio do Museu do Chiado. A maior parte reflecte o tema da emigração e o nomadismo, a começar pela obra “Forever Immigrant”. Formada pela inscrição sobreposta de centenas de imagens feitas com um carimbo, a instalação faz pensar numa nuvem de andorinhas, à distância, evocando simultaneamente o calvário burocrático dos imigrantes. Uma imagem cujas implicações se adensam ao lado da obra “Declaração Universal dos Direitos do Homem”. O texto, escrito em sobreposição (um método utilizado no séc. XIX, para poupar nas franquias e economizar papel), lembra arame farpado, como que a aprisionar os direitos fundamentais. Os direitos que constam da declaração universal reescrita por Marco Godinho foram escritos em italiano, uma alusão à chegada de milhares de refugiados à costa de Itália. O artista vai aliás estar em Itália ainda este mês, primeiro para uma exposição em Palermo, a partir do dia 18, e depois em Lampedusa, de 23 a 27 de Setembro.

Antes, Marco Godinho inaugura a 11 de Setembro a exposição individual no Museu do Chiado, que se prolonga até 18 de Outubro. Uma das obras vai interpelar os visitantes antes mesmo de entrarem no museu lisboeta: Marco Godinho vai substituir o número do Museu do Chiado pelo número da casa onde vive no Luxemburgo, o 8, rodado na horizontal, de forma a representar o infinito. A instalação chama-se “The Infinite House” e “é uma obra pública, que vai estar disponível 24 horas por dia, fora do museu”, explica Marco Godinho.

A mostra é completada com uma obra multimédia em que se entrecruzam filmagens em lugares distintos, a fortaleza de Sagres e o Museu de Artes e Ofícios, em Paris. No vídeo, um texto escrito pelo artista põe em diálogo duas personagens, o Tempo (T) e o Espaço (E), representadas por dois actores. “ET (Le dernier dialogue possible)” vai ser ainda apresentado em livro no Museu do Chiado, uma obra inédita publicada pela editora independente “Bis”, fundada por vários artistas, incluindo Marco Godinho.

Pode ver aqui o vídeo de apresentação da exposição de Marco Godinho.

Paula Telo Alves