Lloyd Cole lança novo disco segunda-feira e questiona lógica do mercado discográfico
O músico inglês Lloyd Cole, que edita na segunda-feira o álbum "Standards", disse à agência Lusa que se sente numa encruzilhada no mercado discográfico, cuja lógica se alterou nos quase 30 anos que já leva de carreira.
Sobre o seu novo álbum diz: "“Eu acho que este álbum ou é o fim de uma série de discos ou o começo de uma nova série" © Créditos: Lex Kleren
Numa curta passagem por Lisboa para promover "Standards", Lloyd Cole falou sobretudo do panorama da música para, assim, contextualizar e - ele próprio - tentar perceber com alguma dose de honestidade que lugar ocupa no mercado.
“Eu acho que este álbum ou é o fim de uma série de discos ou o começo de uma nova série. Só saberemos depois da reação do público. Tenho andado a pensar na forma como temos trabalhado para promover um disco e é exatamente a mesma quando fizemos em 1984”, constatou.
Breve biografia
Lloyd Cole estudou na Universidade de Glasgow, onde conheceu os músicos com quem formaria os The Commotions, que se estrearam em 1984 com o álbum “Rattlesnakes”.
“Nos anos 1980 fazíamos discos e o dinheiro que fazíamos usávamos para fazer concertos, para vender esses mesmos discos. Agora, os discos não fazem dinheiro suficiente e os concertos é que ajudam a pagá-los”, comparou.
Os The Commotions terminaram em 1989, depois de terem editado mais dois álbuns, e Lloyd Cole seguiu um caminho a solo.
“Broken Record”, o disco anterior, foi feito com a ajuda dos fãs, no modelo de financiamento “crowdfunding” que não quer repetir. Se “Standards” não gerar dinheiro suficiente para produzir o próximo, Lloyd Cole vai repensar novamente o modelo de trabalho.
“Provavelmente vou desistir do que tenho feito nos últimos 30 anos: fazer música para todos, fazer música para que a encontrem no mesmo sítio onde encontram os discos de Nick Cave ou de Bob Dylan. Se não me colocar para lá do meu nicho, tenho que aceitar que serei apenas [músico] para um nicho”, disse.
Por agora, preocupa-se em divulgar “Standards”, que irá apresentar ao vivo a 7 de Novembro em Lisboa, no âmbito do Misty Fest.
Lloyd Cole descreve “Standards” como um álbum mais elétrico que os anteriores, com o qual tentou não pensar muito na idade: “Nos últimos anos tenho estado preocupado com o que é apropriado para um homem da minha idade”.
É por isso que diz que este novo álbum foi feito, em parte, por culpa de Bob Dylan: “Ele não sabe que tem 72 anos, não se preocupa com o que é apropriado. Ele não tenta ser mais do que ele é aos 72 anos. É o que eu quero fazer. O meu sonho é chegar ao ponto, na minha carreira, em que isso faça sentido”.
Em Novembro, o concerto em Lisboa será um “one man show” e, se os portugueses gostarem, é possível que regresse em 2014, com banda.
“Eu acho que há alguma coisa neste grupo de canções que irá recordar às pessoas o que eu faço [há 30 anos] e as levará a pensar, espero eu: ‘Porque é que não comprei os discos anteriores?’”, sugeriu, a rir-se.