Grão-Duques na abertura da Quinzena do Cinema Português no Luxemburgo
O Grão-Duque Henri e a Grã-duquesa Maria Teresa estiveram esta terça-feira na abertura da Quinzena do Cinema Português no Luxemburgo. "O Cônsul de Bordéus" inaugurou a quarta edição do festival no cinema Utopolis, na capital.
A sala 2 do Cinema Utopolis tornava-se pequena à medida que a hora da projecção do filme se aproximava. Cerca de 500 convidados fizeram questão de marcar presença e não perder a história "injustiçada" do "Cônsul de Bordéus", um melodrama sobre Aristides Sousa Mendes.
O CONTACTO falou com o co-realizador João Correa, convidado de honra deste evento.
"Em Portugal este filme já foi visto por 67 mil pessoas o que é impressionante e sabemos que competimos com cerca de 90% de filmes americanos nas salas, então podemos perguntar-nos como obtivemos sucesso. Como vimos no filme, o chefe de orquestra diz várias vezes 'Este melodrama não interessa a ninguém', com isto quero dizer que neste filme, que não tem nem uma cadela famosa, existe uma simples história e dois dos personagens principais mostram isso mesmo, uma enorme humildade, simplicidade".
"O Cônsul de Bordéus" tem como protagonista o actor Vítor Norte e retrata a vida de Aristides de Sousa Mendes, Cônsul de Portugal em Bordéus no ano de 1940, ano em que esta cidade foi invadida pelas tropas alemãs. Aristides de Sousa Mendes concedeu mais de 30 mil vistos de entrada em Portugal a refugiados que desejavam fugir de França.
Rita Ferro, Embaixadora de Portugal no Luxemburgo, explicou ao CONTACTO os objectivos de mais uma edição deste Festival.
"Fazemos questão de manter esta edição da Quinzena do Cinema Português porque é importante trazer ao Luxemburgo uma cultura portuguesa moderna, actual que eu acho que às vezes faz alguma falta no Luxemburgo. Outro dos motivos reside no facto de eu própria ser uma cinéfila por natureza. Por outro lado, depois de muitos anos de luta, de sobrevivência e de muito esforço do cinema em Portugal, assistimos neste momento a um crescendo de produção cinematográfica de muito boa qualidade, aliás reconhecida com prémios no estrangeiro. Finalmente assistimos a uma época fasta de cinema".
Sobre as razões da escolha do "Cônsul de Bordéus" para a abertura do ciclo, a Embaixadora de Portugal argumenta: "Decidimos abrir a quinzena com o filme do Aristides Sousa Mendes pois é uma forma de fazermos uma homenagem simples e singela mas verdadeira ao Cônsul de Bordéus. Mesmo em Portugal a memória do Aristides Sousa Mendes só começou a ser apresentada e explorada de há 20 anos a esta parte. Existe inclusivamente um «Museu Virtual de Aristides de Sousa Mendes», que é bastante activo e que merece ser visitado por ser interessantíssimo e nada maçador".
Num resumo crítico da película, Rita Ferro defende: "Gostei muito do filme, acho que tem uma grande carga de emoção, pânico, tristeza e desespero, mas por outro lado para quem não conhece a época histórica, acaba por ter uma leitura muito fácil, pedagógica, da circunstância, da personalidade e da coragem de Aristides Sousa Mendes".
Além de o "Cônsul de Bordéus", dos realizadores Francisco Manso e João Correa, serão exibidos no Festival mais seis filmes de realizadores portugueses, até ao dia 18 de Junho de 2013.
Assim, ainda poderá ver nos próximos dias, "A Teia de Gelo” de Nicolau Breyner, "Estrada de Palha" de Rodrigo Areias, "Linhas de Wellington" de Valeria Sarmiento, "Sangue do meu Sangue" de João Canijo, "Rafa, Arena e Cerro Negro", três curtas-metragens de João Salaviza.
O ciclo de cinema fecha a 18 de Junho com o filme "Photo", de Carlos Saboga, que vai estar presente na sessão de encerramento.
Joaquim Prazeres, Coordenador de Ensino Português no Estrangeiro, considera que este evento representa o “expoente máximo" das actividades do Instituto Camões.
"Pretendemos dar a conhecer ao grande público do Luxemburgo, e também na diáspora, o que se faz de cinema em Portugal". O programa completo está disponível no site www.utoplis.lu.
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"A Teia de Gelo" - 5 de Junho (21h30), 13 de Junho (19h), no Utopolis
"Estrada de Palha" - 6 de Junho (19h), 14 de Junho (21h30), no Utopolis
"Linhas de Wellington" - 7 de Junho (21h30), 17 de Junho (19h), no Utopolis
Sangue do Meu Sangue - 11 de Junho (18h30), 16 de Junho (19h), no Utopolis
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