"Esch2022 vai ser uma grande aventura"
Um foguetão será lançado para o Espaço na sessão de abertura, já no próximo dia 26 de fevereiro, revela Nancy Braun, presidente de Esch2022, Capital Europeia da Cultura.
“Todos são convidados a participar em Esch2022”, desafia Nancy Braun, presidente da Capital Europeia da Cultura. © Créditos: Anouk Antony/Luxemburger Wort
Nancy Braun fala com um entusiasmo contagiante do que vai acontecer em Esch-Sur-Alzete nos próximos meses. A abertura da Capital Europeia da Cultura, Esch22, será já no próximo dia 26 de fevereiro.Vão ser mais de dois mil espetáculos até ao final do ano. E foram enviados cerca de 250 mil convites para quem vive no Luxemburgo.
Promete uma experiência única e imersiva na abertura de Esch2022. O que é que vai acontecer?
O projeto de abertura não será uma cerimónia clássica. Será um festival imersivo, muito participado, porque tudo será criado em conjunto com a população. Em setembro lançamos um concurso de desenhos para crianças, o Space Program que envolveu 12 mil alunos da região do sul, por exemplo. Cerca de 360 desenhos foram premiados e vão fazer parte da abertura de Esch 2022, Capital Europeia da Cultura. Lançamos também um apelo a músicos e compositores para compor o que poderá ser o som da Europa no futuro. O projeto Future Frequencies workshop foi dirigido por duas estrelas da música vindas de Berlim, Frank Wiedemann and Matthew Herbert. O resultado é um espetáculo com mais de cem intérpretes que poderá ser visto na grande sala da Rockhal na noite de abertura.
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Mas mesmo antes de chegarem à abertura terão que fazer algumas tarefas. Todos são convidados a participar a partir das 18h30 na festa que começa e que promete uma imersão digital. O centro da cidade de Esch e Belval vão estar como nunca o vimos, nem nunca mais vamos ver. O Hotel de Ville vai mudar totalmente. E seguiremos um percurso em que haverá pequenos desafios para fazer, e com toda a energia que será transmitida às baterias que estão presentes nas ruas. Com toda esta energia vamos poder lançar um foguetão para o espaço às 21h30. E será com a energia de todos que seremos capazes de lançar um foguetão juntos. A ideia é mostrar que quando fazemos coisas juntos, podemos fazer tudo até lançar um foguetão. E nesse foguetão vamos colocar os 360 desenhos feitos pelas crianças no concurso que lançámos nas escolas. E vamos cruzar os dedos para que este foguete possa ser visto pelos astronautas.
Qual o significado simbólico deste lançamento para o espaço?
Um momento mágico, em que se juntam o passado mineiro da região e se olha para o futuro da terra, que será no espaço. Não vamos ter fogo de artifício, mas teremos um foguetão que será mágico e vai descolar e explorar um novo mundo. A 26 de fevereiro lançamos Esch2022 onde vamos poder explorar e descobrir coisas inacreditáveis, durante todo o ano e para além de 2022. Será a exploração de coisas novas, de um novo mundo na região que ainda não conhecemos. Porque há muitas coisas a descobrir e aventuras para viver. Existirá sempre uma interação entre o público e os organizadores. Queremos que as pessoas se envolvam e se impliquem nesta aventura.
Fizemos tudo para que todos se sintam seguros.
Quantas pessoas vão participar?
Neste momento já estão inscritas 12.500 pessoas. No momento em que se registam podem escolher um de quatro elementos que vão definir o percurso que cada um vai fazer: Iron Furnace, River Alzette, New Horizons e Read Earth. Este é um elemento importante para evitar o covid e que todos estejam no mesmo espaço. Temos uma capacidade máxima de acolher 25 mil pessoas, cinco mil em Esch e cerca de 20 mil em Belval. Essa é a capacidade máxima autorizada pela direção-geral de saúde. Todo este conceito de abertura foi validado em termos de segurança sanitária.
O regime CovidCheck será aplicado a todos os que participem?
Vamos aplicar o regime CovidCheck3G e o uso da máscara. O controlo será feito quando chegarem e terão uma pulseira que lhes permitirá circular pelo evento.
Receiam que algumas pessoas com medo do covid não venham assistir ao espetáculo?
Penso que o facto de todos os eventos serem feitos no exterior permitirá às pessoas sentirem que estão seguras, porque haverá espaço suficiente para garantir a distância de segurança. A única exceção é o concerto na Rockal, mas serão respeitadas todas as medidas de segurança sanitária. Fizemos tudo para que todos se sintam seguros.
Qual a melhor forma de se chegar ao evento?
As pessoas podem chegar de autocarro, de comboio, de carro, bicicleta ou a pé, e vamos organizar diversas carrinhas que vão transportar as pessoas para o local do evento, a partir da cidade do Luxemburgo. A frequência dos transportes será reforçada para garantir a mobilidade e o regresso de todos. Mas o mais importante é, que no final da noite, todos terão uma memória muito bonita que guardarão também no coração.
Os portugueses representam cerca de 70% da população de Esch. Como pensa atraí-los para este evento?
Para já na abertura, haverá intervenções portuguesas. Há um DJ que veio do Porto e que estará presente. Haverá também a atuação do grupo Pilon que é constituído por por jovens provenientes da comunidade migrante de Cabo-Verde. Existem vários projetos em que a comunidade portuguesa está implicada. Como Esch-sur-Alzette é cidade parceira de Coimbra, também estarão presentes representantes desta cidade portuguesa. Acho que cada um que viva em Esch, na região, ou no país deve sentir-se convidado. Lançámos uma iniciativa que passou por enviar cerca de 250 mil Golden Tickets para a abertura para todo o país. Estão todos convidados para a abertura e para os eventos que vão decorrer todo o ano. A Capital Europeia da Cultura é para todos. Venham! Porque este é o vosso lugar.
“Há muitas coisas a descobrir e aventuras para viver” nos mais de 2000 eventos que estão planeados, revela Nancy Braun. © Créditos: Anouk Antony/Luxemburger Wort
Esta caraterística do Luxemburgo de país multicultural como vai refletir-se em Esch2022?
Penso que isso é especial e que não encontramos esta atmosfera e forma de viver em mais nenhum país europeu. Vivemos a Europa todos os dias. A multiculturalidade está no nosso ADN. Isso está presente em muitos dos projetos de Esch2022 que serão para todos os gostos, para todas as cores e para as diferentes comunidades.
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Na sua opinião quais serão os pontos altos da programação?
Para mim os projetos mais importantes são os que resultam de uma participação ativa da população. A cidade de Esch já desenvolvia as noites da cultura . Este é um trabalho que é desenvolvido com os habitantes dos diferentes bairros. Existem muitas associações portuguesas que participam neste evento, seja desenvolvendo atuações, seja preparando pratos típicos portugueses. Mas há um projeto que terá lugar em Setembro para a grande final que é uma apresentação especial do "Cirque du Soleil". Que pela primeira vez vai integrar os habitantes da cidade na sua atuação. E quem sabe se alguns poderão acabar no futuro por integrar o elenco desta companhia, se fizerem um bom trabalho. E o objetivo é também dar a conhecer os novos talentos nestas redes internacionais.
Quais são os grandes objetivos de Esch2022?
A durabilidade, o território e a programação cultural são os três elementos principais. Pretende-se investir no turismo, permitindo descobrir a cultura e a região de uma nova forma. Mas afinal o que é a cultura? Não é apenas o acesso a espetáculos, teatros e museus, mas é tudo. É a nossa forma de vivermos juntos, como estamos ligados, como interagimos. O que é muito específico da cultura luxemburguesa é esta coabitação de diferentes culturas e nacionalidades como uma comunidade que funciona em conjunto, o que é extraordinário. O que é único, aqui no Luxemburgo, é que vivemos e trabalhamos juntos sem dificuldades. Cada um e cada comunidade, como a portuguesa, são convidados a implicar-se ativamente e todas as portas estão abertas. Mas gostaria de reforçar que todos os elementos da comunidade portuguesa são convidados a participar em Esch2022, que é um projeto em que cada um é convidado a implicar-se. Venham e sejam nossos convidados.
E o principal objetivo é mudar a cidade, e a região?
Com tudo o que será apresentado, a começar por este grande lançamento, vamos poder conhecer uma cidade completamente transformada. Que convido todos a vir descobrir. A cidade já está em fase de transformação e queremos apoiar esse processo que está a ser desenvolvido. Há muitas transformações que já estão a acontecer na cidade. E o mais importante será mudar a imagem da cidade e da região. Porque durante dez meses, Esch terá espetáculos permanentes. Na minha opinião o centro do Luxemburgo está a deslocar-se para o sul, com todas as transformações e desenvolvimentos que estão a ser feitos. Penso que no final teremos uma região muito orientada para o futuro. Esperemos que os políticos aproveitem também esta dinâmica que está a ser criada para além de 2022.