dinismoura lança crónicas de um português indignadíssimo
dinismoura, um autor português residente no Luxemburgo (um quase-pseudónimo de António Dinis Moura, segundo o próprio), acaba de publicar o livro "Confidências de um português indignadíssimo" na Escrytos, a recente plataforma de auto-publicação da editora Leya.
Dinis Moura © Créditos: Vera Herold
A obra tem o subtítulo "Opúsculo sobre o nosso crepúsculo" e uma referência a um prefácio inexistente "por Pedro Passos Coelho, que preferiu não escrevê-lo". É, nas palavras do escritor, "um livro de revolta, um livro político escrito por um apolítico".
Dinismoura assume a sua postura contraditória quando afirma logo na primeira frase das notas do autor que "certos assuntos não merecem que se escreva sobre eles. Eis porque decidi […] animal político, porém despolitizado, escrever este opúsculo […]"
Trata-se de um livro híbrido que contém poemas, comentários breves, textos mais longos e ainda cartas, uma, aberta, ao Primeiro-Ministro de Portugal e outra ao Pai Natal a quem pede "um mágico [...] a solução mais eficaz e idónea [...] que solucionará todos os nossos problemas."
Segundo dinismoura os textos são recentes: "foram escritos no final de 2012 e em 2013, com excepção da Elegia de um português sismativo, escrito há quatro anos."
O poeta considera este texto mais antigo "premonitório, há assuntos nesse texto que se vieram a verificar."
A indignação o poeta dirige-se neste livro ao actual governo, a Pedro Passos Coelho e ao ex-Ministro das Finanças Vítor Gaspar, embora considere que os anteriores governos tenham sido igualmente maus. Mas a sua revolta também se dirige "ao povo português demasiado acomodado e passivo perante tudo o que tem tido de suportar." Convicto de que Portugal atravessa a sua hora mais negra, é no desespero que diz sentir com o seu país que encontra as palavras e metáforas violentas que utiliza na sua obra.
O livro está disponível em formato digital nas habituais lojas online.
A plataforma de autopublicação Escrytos é um projecto lançado em Novembro de 2012 pela editora Leya, que permite a qualquer autor publicar a sua obra em formato de ebook. A colecção conta com mais de 150 títulos em menos de um ano de existência. Na sua forma mais básica a publicação é gratuita, embora existam serviços de revisão, a possibilidade de pedir um parecer editorial, bem como ferramentas de comunicação, publicidade e distribuição.
Estes serviços suplementares são pagos e dinismoura recorreu ao serviço de revisão para "despistar e corrigir erros de formatação que ocorreram na conversão do texto" pelo qual pagou 86 euros.
Uma vez que a Leya retém 75 % do valor das vendas líquidas, deverá conseguir reaver o investimento realizado a partir da venda do exemplar n°187o.
Vera Herold
